23.11.2018 Outras Patologias

Dermatite Atópica não é uma condição só de crianças

A dermatite atópica não é apenas uma dermatose pediátrica. Embora ela comece quase sempre na infância, e muitas vezes antes dos dois anos de idade, nem todos os casos terminam antes da adolescência e da idade adulta. Estima-se que cerca de 10% dos pacientes continuam a sofrer de manifestações de eczema na idade adulta. Num certo número de casos, este eczema permanece preocupante e pode criar problemas difíceis.

A dermatite atópica do adulto é frequentemente uma dermatose grave. Trata-se de placas de eczema crónico, vermelhas, espessas e liquenificadas, apresentando às vezes pápulas isoladas de prurigo. Sobre este fundo de eczema crônico aparecem ataques agudos, vesiculosos ou exsudativos. O prurido é sempre intenso e repercute na vida do dia a dia, no estado moral, no sono e nas atividades. As localizações são diferentes daquelas da dermatite atópica infantil. As mãos, o rosto, especialmente as pálpebras, são as partes mais frequentemente atingidas, assim como as grandes dobras e, eventualmente, as outras regiões do corpo. Os acessos inflamatórios podem atingir a totalidade da pele. Esses acessos generalizados são graves, podem se complicar com infecções e perturbações metabólicas, e justificam uma hospitalização.

Trata-se realmente de uma dermatite atópica?

Diante de um eczema do adulto, convém questionar se é uma dermatite atópica ou um outro tipo de eczema, ou então uma dermatose parecida com o eczema.

Se a doença data da infância, é associada a manifestações respiratórias atópicas, ou mesmo a alergias digestivas, se ela é típica clinicamente, sob a forma de eczema crónico espesso, liquenificado, tendo às vezes ataques exsudativos, pode-se considerar o diagnóstico como certo.

Mas, se o início é recente e se os sinais clínicos não são típicos, é preciso considerar a possibilidade de uma outra dermatose. É importante consultar seu médico para que o diagnóstico seja feito.

Irritantes

A pele atópica é particularmente sensível e estímulos, aparentemente banais, podem desencadear crises de coceiras e ataques de eczema. É o caso dos irritantes, ou seja, certos produtos de higiene ou de tratamento como sabões ordinários ou desinfetantes. É aconselhado utilizar unicamente produtos destinados às peles atópicas, secas, sensíveis, e testar em si próprio a boa tolerância, começando, por exemplo, a utilizar numa zona limitada. Existem variações individuais que não se pode prever.

As roupas, os detergentes e os aditivos também devem ser objeto de precauções. O pulôver de lã com gola alta é um clássico provocador de prurido. A utilização de amaciante é recomendada, sem esquecer de enxaguar abundantemente após o sabão.

Alergias de contato

Quando uma dermatite atópica não reage bem ao tratamento, deve-se pensar na possibilidade de um eczema alérgico de contato acrescentado.

É um diagnóstico difícil, porque sobre um fundo de eczema crónico, o eczema de contato poderá passar despercebido, mas é um diagnóstico rentável porque se a causa de uma alergia de contato for eliminada, o eczema vai melhorar.

O eczema alérgico de contato pode ser causado por:

Infecções

A dermatite atópica mantém uma relação especial com os micróbios que colonizam a pele, a chamada microbiota. O eczema exsudativo provoca um rompimento do equilíbrio normal entre as bactérias inofensivas (comensais) e as bactérias patógenas.

Os estafilococos dourados são responsáveis por infecções e são também associados aos acessos inflamatórios, mesmo que elas não estejam clinicamente sobreinfectadas. Assim, medidas anti-infecciosas são muitas vezes indicadas.

A infecção pelo vírus do herpes é muitas vezes particularmente grave nas pessoas atópicas, assumindo um aspecto pustulento e podendo deixar cicatrizes variceliformes ou mesmo varioliformes.

Um caso particular: a dermatite “cabeça e pescoço”

Nos atópicos adultos, foi individualizada uma forma específica de eczema, localizada de forma exclusiva ou predominante no rosto e no pescoço. Os anglo-saxões falam de “head and neck dermatitis”.

Diante de uma dermatite atópica “cabeça e pescoço”, convém procurar uma fotossensibilização, que é rara na dermatite atópica (ao contrário, muitas vezes o sol é benéfico) mas que às vezes se encontra: é preciso também desconfiar de uma fotossensibilização devida a certos medicamentos.

Fonte: Foundation Dermatite Atopique http://bit.ly/2S9UslU
Adaptação: Redação CDD

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