28.08.2020

Tabagismo é o principal responsável pela DPOC

Conheça histórias de quem descobriu a doença após parar de fumar

Muitas vezes, as pessoas que fumam cigarro, charuto, narguilé e derivados não percebem as consequências do consumo por muitos anos. Neste 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo no Brasil, vamos contar histórias daqueles que conviveram com o tabaco e só descobriram os efeitos nocivos do consumo décadas depois.
Segundo o INCA, o consumo de derivados do cigarro causa quase cinquenta doenças diferentes, principalmente as cardiovasculares (infarto, angina), o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite). O tabagismo irrita as vias aéreas e causa a secreção, conhecida como pigarro, que também é um dos sintomas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), antes denominada debronquite crônica e enfisema pulmonar.
O aposentado Roldo Branco, de 75 anos, parou de fumar depois que o pai dele, que era asmático, morreu após uma crise. “Descobri a DPOC ao ter falta de ar com atividades leves. Eu tinha um pouco de falta de ar, mas usava bombinhas, tipo aerolin. Fumei durante 45 anos, dois maços por dia. Parei no ano 2000. Três anos depois fiz teste de função pulmonar, onde acusou deficiência na minha respiração”, conta.

A morte também assustou Jorgete Aparecida Fernandes Morato, de 66 anos. Há quase dez anos, a mãe dela faleceu em decorrência de complicações na respiração. “Fumei desde meus 15 anos. Achava lindo pra época que comecei. Mostrava independência, era chic. Besteira, né? Faz nove anos que parei de fumar, mas só porque minha mãe morreu de enfisema e então me assustei”, afirma Jô, como gosta de ser chamada.

Sobre as consequências do consumo do cigarro, ela demorava para sarar de uma gripe, por exemplo, e a ansiedade a deixava com falta de ar. “Comecei a ficar muito ansiosa, a ter falta de ar, foi então que procurei médico. Comecei com um cardiologista, que já de início me medicou um ansiolítico. Daí para um pneumologista foi um pulo, pois comecei a ter falta de ar quando me esforçava um pouco. O conselho que passo é que quem tiver DPOC não se desespere. Essa ansiedade faz mais mal ainda, mais falta de ar. Viver um dia de cada vez, com calma e não pensar que o mundo acabou. Consultar sempre o seu médico. Ele é que cuida da gente e sabe o que é melhor pra nós”, aconselha Jô.

Jorgete Aparecida Fernandes Morato, de 66 anos 

A esposa de Humberto Vieira da Silva, de 69 anos, morreu em 2012. Oito anos antes, ela descobriu um aneurisma na aorta e ele decidiu parar de fumar. “Fui ao meu cardiologista e passei a tomar 30 comprimidos de ziban, parando de fumar”, conta. O aposentado fumou por 35 anos, em média um maço de cigarros por dia. “Algumas vezes percebi algum cansaço e falta de respiração, mas senti de uma forma mais intensa depois que soube da DPOC. Creio que o fator psicológico influenciou bastante, ao saber que o enfisema não tem cura”, afirma.
Hoje, Humberto realiza consultas médicas de rotina, com pneumologista, cardiologista, endocrinologista, psiquiatra e terapia. Além disso, faz acompanhamento com fisioterapeuta para fortalecer a musculatura pulmonar.
A DPOC é uma doença que atinge 7 milhões de pessoas no Brasil e é a 5ª causa de morte no mundo. Além da dificuldade de respirar, outros sintomas são a falta de energia e cansaço progressivo e constante, o que impossibilita uma série de atividades de rotina.
O pai de Andressa Aparecida Cardoso tem 84 anos e é paciente com DPOC. Sebastião teve o diagnóstico há cinco anos, após uma crise similar a labirintite. “Foi em uma tomografia que ficou claro o diagnóstico. Ele ficou internado por 10 dias e teve alta já com uso do oxigênio domiciliar qual utiliza 24horas. Meu pai consumiu cigarro durante 49 anos, em média de 20 a 25 cigarros por dia. Começou aos 18 anos e largou com 67 anos”, lembra.

Andressa e seu pai, Sebastião, que convive com DPOC

Andressa relata que, infelizmente, o pai descobriu a doença quando já estava em uma situação grave. “O quadro clínico se agravou e muito pois, após 11 anos que largou o cigarro, a doença veio em estágio avançado a ponto de precisar do uso do oxigênio 24 horas. Ele não sente falta do antigo hábito, porém tem frustrações diárias por saber que por, conta do uso do cigarro e suas devidas causas, tenha tirado parte da sua autonomia”, lamenta.

O dia 29 de agosto serve justamente para conscientizar a população sobre os riscos decorrentes do uso do cigarro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2030 a DPOC será a terceira causa de morte no mundo.
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica atinge 65 milhões de pessoas no planeta. Apesar disso, um em cada dois brasileiros nunca ouviu falar de DPOC.

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