23.09.2019 Saúde Mental

“LIBERTANDO A MENTE”, um BLOGUE criado por usuários de um CAPs

Por CDD

Mad in Brasilhttps://madinbrasil.org/2019/09/libertando-a-mente-um-blogue-criado-por-usuarios-de-um-caps/

No dia 28 de agosto de 2019, no auditório internacional da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ), em uma seção do seu Centro de Estudos, ocorreu a celebração do lançamento do blog Libertando a Mente, criado e mantido por usuários do Centro de Atenção Psicossocial Carlos Augusto Magal, localizado na comunidade de Manguinhos no Rio de Janeiro. Um evento que merece destaque do Mad in Brasil, pela importância que tem para exemplificar conquistas da reforma psiquiátrica no país.

Ao todo foram dez participantes reunidos em torno do projeto de inclusão digital “Eu quero entrar na rede: Um Blogue sobre saúde mental construído por pessoas em sofrimento psíquico”, que teve como meta a capacitação de usuários de CAPs para a criação de um BLOGUE que fala sobre saúde mental e outros assuntos. O Projeto que surgiu em parceria entre o CAPs MAGAL, o LAISS (Laboratório Internet Saúde e Sociedade) e o LAPS (Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial), com a finalidade de incentivar as pessoas que passam por sofrimento mental a realizarem um projeto de utilidade pública e de inovação, trazendo informações sobre o tratamento que recebem e como convivem com seus sofrimentos.

Aprovado no Edital para Projetos de Divulgação Científica da vice-presidência de educação, informação e comunicação da Fundação Osvaldo Cruz (VPEIC/FIOCRUZ), o “Quero entrar na Rede” teve a duração de 10 meses, de outubro de 2018 a julho de 2019, e foi coordenado pelo professor Paulo Amarante. Durante todo o período do projeto foram realizados encontros semanais mediados pela jornalista Bruna Ribeiro, no Laiss, coordenado pelo professor André Pereira Neto.

Dentre as atividades realizadas, estavam rodas de conversa sobre comunicação comunitária e reforma psiquiátrica, além oficinas de fotografia e vídeo que promoveram a instrumentalização através da exploração do espaço da Fundação Osvaldo Cruz de forma autônoma. Os participantes receberam mensalmente uma bolsa de pesquisa no valor de R$100 cada, que visava promover a autoestima e adesão dos usuários.

O nome Libertando a Mente foi escolhido pelos próprios usuários em votação, que tiveram como objetivo um nome que não contribuísse com a estigmatização das pessoas em sofrimento mental. A Proposta é que após o lançamento, o blogue se torne uma ferramenta do CAPs integrando outros usuários e envolvendo cada vez mais as pautas de profissionais, usuários e familiares do CAPs.

A seguir alguns trechos de textos que estão atualmente na primeira página do BLOGUE. Como o que foi escrito por Luiz Cláudio Henrique narrando a sua trajetória até chegar ao CAPs:

“Tinha uma vida normal: trabalhava, saia com família, jogava futebol. Antes não tinha nenhum problema. Mas com o tempo os problemas começaram a vir como: depressão, ficava no escuro o tempo todo, saia para andar na rua sem rumo, ficava falando comigo mesmo e com a televisão. Perdi carteira, celular, dinheiro. Era injustiçado na rua. Perdi meu emprego. Perdi minha esposa. Perdi meus amigos. Tudo isso com o tempo.(…) Hoje consigo compreender um pouco o que me aconteceu. Hoje estou estabilizado porque procurei ajuda e com essa ajuda consegui ficar sóbrio”.

Veja na íntegra o texto de Luiz Cláudio Henrique →

E vale destacar um trecho da narrativa feita pela jovem Michele Guimarães:

“No ano de 2014 eu acabei tendo um surto. Nesse dia eu tinha ido à escola e isso fez tudo piorar pois na hora que a aula acabou eu fui para casa. No caminho eu comecei a ouvir vozes me dizendo para fugir e sumir de tudo. Foi então que eu, depois de três dias meio perdida, consegui chegar em casa. No outro dia me levaram na Clínica da família e aí começou meu tratamento psicológico (…) “Em 2017 entrei no CAPS e eu conseguia enxergar pessoas como eu. Então eu vi que não estava sozinha. As mulheres que eu enxergava lá também passavam por muitas crises. Eu sabia que elas só precisavam de alguém para estender a mão. Elas realmente precisavam de ajuda, igual a mim.”

Na íntegra o texto de Michele Guimarães →

E para acessar o BLOG Libertando a Mente, clique aqui →

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