18.11.2019 Outras Patologias

Como tratamos DPOC no Brasil hoje

Por CDD

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma patologia caracterizada por limitação progressiva ao fluxo aéreo, não totalmente reversível, associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a partículas ou a gases nocivos, principalmente fumaça de cigarro. Grande parte das pessoas que a tem mantêm-se assintomáticos por longos períodos, isso faz com que as pessoas demorem muito tempo a serem diagnosticadas e, consequentemente, tratadas. Segundo Dr. Rafael Stelmach (veja nossa live sobre DPOC aqui), o tempo de diagnóstico, que pode passar de 4 anos, é o primeiro problema que temos para um efetivo tratamento para DPOC. Tendo um diagnóstico tardio, a pessoa não tratada e não orientada tem maior dificuldade em ter qualidade de vida pós diagnóstico. Muitas pessoas acabam sendo diagnosticadas apenas depois de apresentarem um quadro muito grave da doença.

Dados recentes demonstram que 5 a 15% da população em geral é afetada pela doença, quinta maior causa de internação hospitalar de pessoas com mais de 40 anos no país. Infelizmente não há cura para DPOC, mas há tratamento e, boa parte dele pode ser obtido no Brasil através do Sistema Público de Saúde.

No Brasil a DPOC possui um PCDT (veja aqui o que é e para que serve) que rege os seguintes CIDs: J44.0, J44.1, J44.8, J44.9.

O tratamento da DPOC visa melhorar a qualidade de vida da pessoa, por meio do controle dos sintomas e pela melhora da função pulmonar. O tratamento medicamentoso é realizado junto com medidas educativas e de controle dos fatores que podem causar uma piora no quadro do paciente. Nesse cenário, alguns medicamentos são fornecidos pelo SUS, em âmbito nacional, segundo PCDT de 2013:

Alguns estados do país possuem um PCDT próprio para a DPOC, como São Paulo, que recentemente revisou seu PCDT, incluindo medicamentos que não estão disponíveis no PCDT nacional, são eles: Tiotrópio, Teofilina, Brometo de Glicopirronio e Brometo de Umeclidinio.

Esses medicamentos incluídos no PCDT de SP pertencem a uma categoria de remédios conhecidos como LAMA, diferente dos já disponíveis no SUS, conhecidos como LABA. Mas o que isso quer dizer na prática?

LAMA e LABA na DPOC

LAMA é a sigla utilizada para designar medicamentos inibidores da acetilcolina, e LABA são denominados os medicamentos agonistas beta adrenérgicos de longa ação.

Os broncodilatadores (LABA) são as principais medicações no tratamento da DPOC. São consideradas medicações broncodilatadoras os β2-agonistas, os anticolinérgicos e as metilxantinas. Existem dados consistentes na literatura mostrando melhora na sintomatologia, tolerância ao exercício e na limitação ao fluxo aéreo, mesmo na ausência de resposta broncodilatadora na espirometria (Cardoso, Aguiar e Araújo1)

Os LAMA, também chamados de agentes muscarínicos, incluem o tiotrópio (no Brasil desde 2003), o umeclidínio (aprovado no Brasil em 2015) e o glicopirrôneo (no Brasil desde 2014).

A natureza da interação entre os dois sistemas não é totalmente conhecida, mas existe evidência suficiente para sugerir que a combinação de um β2-agonista de longa duração (LABA) e um anticolinérgico de longa duração (LAMA) é benéfico no tratamento de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)1.

Até 2017 três classes de medicamentos inalatórios eram usados para tratar a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): beta-agonistas de ação prolongada (LABA), antagonistas muscarínicos de longa duração (LAMA) e corticosteroides inalatórios (ICS). Quando são necessárias duas classes de medicamentos, o LAMA mais o LABA (LAMA + LABA) e o LABA mais o ICS (LABA + ICS) são frequentemente selecionados porque estas combinações podem ser administradas através de um único dispositivo de medicação. A orientação antiga da Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (GOLD) recomendou o LABA + ICS como o tratamento de primeira linha para o controle da DPOC estável em pessoas de alto risco das categorias C e D. No entanto, a orientação atualizada GOLD 2017 recomenda LAMA + LABA sobre LABA + ICS1.

Outros tratamentos para DPOC no Sistema Público

Em alguns casos de DPOC é indicado a Oxigenioterapia, uso de oxigênio a longo prazo por mais de 15 horas/dia, incluindo as 12 horas noturnas. Seu médico/sua médica deverá incluir na prescrição a fonte de oxigênio suplementar (gás ou líquido), o sistema de liberação (cilindros, concentradores ou oxigênio líquido), a duração e o fluxo ao repouso, durante exercício e sono. A oxigenioterapia domiciliar é oferecida por alguns municípios no país, mas não em todas as cidades.

Ainda existem os casos cirúrgicos, em que é indicada as cirurgias de redução do volume pulmonar ou o transplante de pulmão, ambos podem ser disponibilizados pelo SUS.

Por um PCDT Nacional completo

Existem outras tecnologias indicadas para DPOC que ainda não foram incorporadas pelo SUS e outras que estão disponíveis somente para alguns Estados e Municípios. É nosso compromisso atualizar o PCDT nacional de DPOC para a inclusão desses medicamentos que podem trazer maior qualidade de vida para quem passa pela experiência de viver com DPOC.

Redação CDD

Fontes:

http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-doenca-pulmonar-obs-cronica-livro-2013.pdf

http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/3032/doenca_pulmonar_obstrutiva_cronica_dpoc.htm

Tratamento Farmacológico de DPOC. Jornal Brasileiro de Pneumologia – 2011;37(4):527-543.

  1. Cardoso, Aguiar e Araújo. O uso da combinação LABA/LAMA em pacientes com DPOC: http://www.sopterj.com.br/wpcontent/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2017/n_01/05-artigo.pdf
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