Pandemia e Carnaval combinam? Como se divertir sem correr riscos
Apesar da melhora nos números de mortes, a média móvel de óbitos pelo vírus segue alta no Brasil e exige cautela para quem planeja pular o Carnaval.
Fernanda Simoneto, da Redação AME/CDD
Milhões de brasileiros se preparam para pular o Carnaval. Com o relaxamento das restrições impostas pela Covid-19, os foliões devem encontrar uma festa com cenário pré-pandêmico. Mas o cenário ainda exige cautela, especialmente para pessoas com doenças crônicas – ou para familiares que convive com elas.
“Estamos em uma situação melhor do que antes, porque temos um grande percentual da população vacinada. Mas os períodos em que há aglomeração e viagens seguem sendo propícios para o aumento de casos”, afirma o médico sanitarista Cláudio Maierovitch, da Fiocruz Brasília.
Apesar da diminuição dos casos ao longo do último ano, Maierovitch acredita em um repique após as festas do Momo. “Acho improvável que tenhamos hospitais lotados como em outros momentos da pandemia. Mas é provável um aumento na procura do serviço de saúde”, alerta. Desde o início do ano, o país registra média móvel diária de cerca de 100 óbitos. O número está abaixo do apresentado durante 2022 e 2021, mas ainda preocupa.
Carnaval durante a pandemia
Muitos dos blocos e festas de Carnaval acontecem na rua, em locais abertos, o que pode auxiliar na redução do risco de contaminação. “O pior cenário é um local fechado com muita gente. Um lugar aberto, especialmente se estiver ventando, e se as pessoas puderem manter distância, é relativamente seguro”, explica.
Para reduzir os riscos, as medidas de proteção mais eficazes seguem sendo usar máscaras e, ao notar sintomas suspeitas, realizar o teste. O número de exames realizados no Brasil sempre esteve abaixo do necessário, o que gerou uma subnotificação dos casos durante a pandemia. “Uma medida possível para evitar a explosão de casos é multiplicar a oferta de testes para a população, principalmente nos municípios em que há uma grande circulação de pessoas”.
Dados do Our World In Data mostram que, até março de 2022, a média de testes feitos no país era de 330 a cada 1 000 habitantes. Em comparação, a Argentina testava 809 habitantes a cada 1 000, enquanto no Uruguai o número era de 1 776 testes a cada mil uruguaios – sim, mais de um teste por indivíduo, em média.
Pessoas com comorbidades devem ficar mais atentas
Para aqueles que convivem com pessoas idosas, com comorbidade ou imunossuprimidos, o cuidado deve ser redobrado. “Seria prudente evitar o contato físico mais próximo”, sugere Cláudio Maierovitch. Ou seja, manter o distanciamento físico ou permanecer de máscara.
Pessoas com doenças crônicas, como diabetes ou hipertensão, com risco maior de quadros graves, também precisam ter cautela e só cair na folia com o esquema vacinal completo, incluindo as doses de reforço.
Cerca de 82 milhões de brasileiros concluíram o primeiro ciclo vacinal, mas apenas 42 milhões estão imunizados com a segunda dose de reforço. “Para quem ainda não tomou reforço e pode receber, vá atrás”, destaca o médico.
Um estudo do Centro de Vigilância Sanitária do Rio Grande do Sul demonstrou que, quanto mais completo o esquema vacinal, menor é o risco de uma pessoa ter as formas graves da covid-19 e morrer da doença. Para os idosos, a taxa de mortalidade chega a ser oito vezes menor nos casos em que a segunda dose do reforço já foi administrada.
O Ministério da Saúde incluiu as doses de reforço bivalentes no Programa Nacional de Vacinação de 2023. As primeiras doses começam a ser administradas em 23 de fevereiro para a população com maior risco de desenvolver formas graves da doença, como idosos e pessoas com deficiência.
Inclua máscara em sua fantasia de carnaval
Apesar da melhora progressiva nos últimos meses por causa do avanço da vacinação, a OMS alterou suas recomendações para o uso de máscara no início deste ano. A proteção é sugerida para quem foi exposto ao vírus, faz parte de algum grupo de risco ou está em locais com aglomeração.
No Brasil, a Fiocruz emitiu um comunicado em novembro de 2022 recomendando as máscaras em locais fechados ou com aglomerações de pessoas. No mesmo mês, a Anvisa determinou a volta do uso obrigatório de máscaras em aviões. A medida buscava conter o avanço de casos registrados no final de 2023, e segue válida em todo o território nacional.
Além do cuidado com a Covid-19, os foliões devem estar atentos com o risco de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). “Neste período, sempre é importante que as pessoas se protejam, principalmente utilizando preservativos”, alerta Maierovitch.
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