Infodemia e saúde mental: excesso de informação pode desencadear ansiedade e depressão

De acordo com a Organização Pan Americana de Saúde (PAHO), a infodemia se baseia no aumento exponencial do número de informações produzidas e disseminadas em relação ao vírus da Covid-19

Desde o surgimento da covid-19, um termo ganhou popularidade: a infodemia. Ao mesmo tempo que a divulgação de conhecimento é essencial diante de uma doença que pouco se sabe, muitos leitores estão tão aterrorizados com a ameaça que não se preocupam com a qualidade das informações.

Do ponto de vista psicológico, o consumo desse grande volume de notícias pode desencadear ansiedade, pânico e depressão. No quesito ansiedade, taquicardia, sensação de sufocamento e tremores são comuns. A sensação de pânico pode fazer com que a pessoa, por exemplo, não queira mais sair de casa. E a falta de esperança de que dias melhores virão atinge em cheio pessoas propensas a quadros depressivos.

Ao longo da pandemia, no consultório de psicoterapia, observei o comportamento de algumas pessoas que estavam mais sensíveis às informações, principalmente as mais sensacionalistas. 

E as notícias simplesmente ‘brotam em nossa mão’. Basta olhar para o celular que, em um piscar de olhos, surge a informação. A gente leva o aparelho para o restaurante. Para o banheiro. Para a cabeceira da cama. É bem invasivo. 

Para além da infodemia, quero chamar atenção para o grande volume de informações sobre saúde disponíveis nos sites de buscas. Tem gente que chega do laboratório com exame médico na mão e pesquisa na internet antes mesmo de passar no especialista. Ou que sente alguma dor e faz uma busca do sintoma na rede mundial de computadores. Ih, será que falei com você?

Se sua resposta for sim, fique de olho! Mesmo pesquisadores profissionais ou outras carreiras, como o jornalismo, que garimpam informações através da tecnologia, têm dificuldades muitas vezes de fazer essa triagem. 

Se você é o tipo de pessoa que procura sobre assuntos de saúde de forma sistemática, como se estivesse obcecado, angustiado ou tenso, é preciso fazer um ‘detox digital’. Uma dica importante é tentar ‘driblar’ os algoritmos das redes sociais. Deixar de receber notificações desse tipo também pode ajudar num primeiro momento. E psicoterapia nunca é demais também, né?