14.07.2021

Osteoporose na pandemia: prevenção e tratamentos devem continuar

Por CDD

Apesar do medo e ansiedade em relação à covid-19, pessoas não podem deixar de dar atenção ao diagnóstico, tratamentos e métodos de prevenção da osteoporose

Na reportagem, você ficará sabendo que:

– A pandemia fez com que muitas pessoas que convivem com osteoporose deixassem o tratamento de lado;
– Uma em cada quatro mulheres teve consulta de rotina cancelada pelo médico, segundo pesquisa;
– Ao mesmo tempo, teve gente que enfrentou o medo e realizou exames para a manutenção do tratamento.

A pandemia de covid-19 fez com que muitas pessoas com doenças crônicas deixassem de lado os tratamentos com medo de sair de casa e se contaminar. Ao mesmo tempo, uma pesquisa realizada pela consultoria Kantar, em parceria com a Amgen, uma das maiores empresas de biotecnologia do mundo, revelou que uma em cada quatro mulheres (23%) teve a consulta de rotina cancelada pelo médico. Foram ouvidas mais de 2 mil mulheres em sete países como o Brasil, México, Argentina, Colômbia, Canadá, Arábia Saudita e Turquia.

“Pela diminuição da atividade física, podemos imaginar que houve piora da massa óssea em vários indivíduos. Mas não dá para saber efetivamente porque muitas pessoas deixaram de procurar atendimento nesse período. Muitos centros de avaliação de densitometria não funcionaram. Muito provavelmente, só saberemos com certeza quando as consultas voltarem ao normal”, afirma a médica Pérola Grinberg Plapler.

A fisiatra acredita que, por causa da pandemia, muitas pessoas podem ter interrompido a medicação, por não ir aos postos de saúde ou aos médicos particulares para pegar nova receita. “Muitos deixaram de receber o diagnóstico e a orientação de como se prevenir ou tratar”, acrescenta. A especialista revela que observou, no consultório, algumas pessoas se queixaram de dores e a maioria preferiu a consulta virtual. Plapler também enfatiza que não houve aumento de referências a quedas. No entanto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% das pessoas com mais de 65 anos caem, pelo menos, uma vez ao ano. Essa porcentagem chega a 50% após os 80 anos de idade. No Brasil, ainda não há estudo sobre o número de idosos que sofreram quedas durante o isolamento social.

Maria Juvete Braga, de 61 anos de idade, mora na capital paulista e conta que não teve alteração no tratamento para osteoporose durante a pandemia de covid-19. Ela recebeu o diagnóstico aos 42 anos, quando entrou na chamada menopausa precoce. “Minha menstruação falhou um mês, marquei ginecologista. Eu estava com muito cansaço, sono excessivo e muita moleza. O ginecologista do posto de saúde me disse ‘ou é menopausa ou é hipotireoidismo’. E os dois exames positivaram para menopausa e hipotireoidismo, daí ele pediu o exame de densitometria que deu osteoporose e osteopenia”, afirma.

Maria Juvete fará outro exame de densitometria óssea em julho e, em agosto, tem retorno no ambulatório de cálcio do Hospital São Paulo. “Nesta pandemia, meu tratamento continuou normal, só tive melhora. Também venho fazendo fisioterapia no CRI do hospital Mandaqui”, conclui.

Mulher branca de cabelos cacheados, loiro meio acobreados e longos. Olhos claros e boca fechada, um esboço de sorriso à mostra. Ela não olha diretamente para a câmera, mas sim
Maria Juvete Braga (Foto: acervo pessoal)

A professora aposentada Jenice Pizão também decidiu não parar com os tratamentos mesmo diante da pandemia de coronavírus. “A única alteração nesse um ano e meio foi o medicamento, o prolia, que a última dosagem foi em outubro do ano passado. Mas repeti a densitometria óssea em janeiro e deu uma melhora. E a gente percebeu que eu poderia parar com o Prolia e seguir com o cálcio, vitamina D, exercícios físicos e observar se eu teria uma piora ou conseguiria manter a questão dos ossos. Agora tenho osteopenia”, explica.

A osteoporose de Jenice foi provocada, indiretamente, pelo tratamento para controle do HIV. Isso porque os medicamentos antirretrovirais impedem a absorção do cálcio no organismo dela. A aposentada, então, precisa sempre trocar os remédios para a osteoporose. “Esses medicamentos, no meu caso, têm um ‘prazo de validade’. Tomo durante um certo tempo e tenho que mudar porque o corpo já não responde mais. No meu caso, o grande responsável pela dificuldade de absorção do cálcio são os antirretrovirais que infelizmente não posso parar de tomar. O tratamento para HIV é contínuo, para a vida toda. E, quando eu falo a vida, espero que seja por um bom tempo”, enfatiza.

Mulher branca de cabelos curtos e grisalhos, na altura do nariz. Ela olha diretamente para a câmera, tem olhos claros, azulados, boca com um batom rosa escuro e o esboço de um sorriso de lábios fechados. Veste uma camiseta preta e cachecol preto, com chuviscos brancos.
Jenice Pizão (Foto: acervo pessoal)

Como lidar com o diagnóstico de osteoporose na pandemia de covid-19?

Após mais de um ano de pandemia de coronavírus, não fazer nada a respeito de um diagnóstico de doença crônica parece impossível. Então, a médica Pérola Grinberg Plapler elencou algumas dicas para os pacientes que têm osteoporose ou osteopenia para encarar essa fase:

– Manter alimentação rica em laticínios ou suplementação de cálcio;
– Tomar banho de sol ou fazer uso de suplementação da vitamina D;
– Procure não ficar sedentário;
– Faça exercícios físicos dentro de casa, improvisando pesos: substituir por sacos de mantimentos ou garrafas de água, por exemplo;
Tome os cuidados para evitar quedas, usando sapatos adequados e prestando atenção aos movimentos do corpo;
– Para evitar a depressão causada pelo isolamento, procurar sempre que possível falar por telefone ou aplicativos com imagens, com amigos e familiares;
– Fazer psicoterapia também é uma excelente opção para cuidar da saúde mental.

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