26.08.2019 Asma

Asma mata 2.400 pessoas por ano no Brasil

A morte da escritora, atriz e roteirista Fernanda Young após um ataque de asma lançou luz sobre a doença e destacou a importância de reconhecer os perigos reais em torno dessa condição respiratória, ainda minimizados e subestimados por pacientes e até mesmo por profissionais de saúde.

“No Brasil, segundo dados do SUS (Sistema Único de Saúde), até seis pessoas morrem por causa da asma diariamente”, alerta o pneumologista Rafael Stelmach, presidente da Fundação Pró-Ar, especialista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP) e professor do departamento de cardiopneumologia da FMUSP.

“Em 2017, 2.400 pessoas morreram em decorrência de crises asmáticas em nosso País”, diz Stelmach.

PERIGO REAL – Crises de asma podem ser desencadeadas por exposição do paciente a poluição, fumaça de cigarro, frio ou mudanças rápidas de temperatura, fuligem expelida por lareiras e até estresse emocional. Os ataques podem ser muito rápidos ou transcorrer durante horas.

A asma afeta os brônquios, tubos que levam o ar para dentro dos pulmões e o gás carbônico para fora. Rafael Stelmach explica que, no corpo de uma pessoa que tem asma, essas estruturas musculares com cartilagens sofrem inflamações e se contraem, reduzindo o espaço da passagem do ar.

“Na crise de asma, o sangue continua circulando pelo corpo, mas sem oxigênio, apenas com gás carbônico”, diz o pneumologista. “Esse sangue chega ao coração e, quando o coração não tem mais oxigênio, ele para de bater”, explica Stelmach.

“É importante destacar que, na maioria dos casos, o paciente não tem 100% da capacidade pulmonar e, na crise, essa capacidade fica ainda mais reduzida”, comenta o especialista. “O tratamento de emergência envolve remédios anti-inflamatórios e broncodilatadores, mas a prescrição é feita de acordo com a situação”, recomenda Stelmach.

MULTITALENTOSA – Fernanda Young foi roteirista das séries ‘Os Normais’, ‘Minha Nada Mole Vida’, ‘Como Aproveitar o Fim do Fundo’, ‘Shippados’, ‘Aspones’, ‘Separação’ e ‘Vade Retro’, entre outros trabalhos na televisão, muitos escritos em parceria com o marido Alexandre Machado.

Nascida em Niterói (RJ) em 1º de maio de 1970, estreou como roteirista na Rede Globo em 1995, com a série ‘A Comédia da Vida Privada’, com base em textos de Luis Fernando Verissimo.

Publicou em 1996 seu primeiro romance, ‘Vergonha dos Pés’, seguido por mais 13 títulos. Foi também apresentadora dos programas ‘Irritando Fernanda Young’ e ‘Saia Justa’ no canal por assinatura GNT.

TEATRO – Fernanda Young iriar estrear no dia 12 de setembro a peça ‘Ainda Nada de Novo’, na qual contracenaria com a atriz Fernanda Nobre. O espetáculo conta a história de um casal de mulheres lésbicas que vai fazer um filme nos qual as personagens são diretora e atriz principal.

A artista morreu neste domingo, 25 de agosto, no sítio da família em Gonçalves (MG). O corpo foi velado e sepultado no Cemitério de Congonhas, na zona sul de São Paulo.

A Crônicos do Dia a Dia, a Associação Brasileira de Asma (ABRA) e a Associação Brasileira de Asma Grave (ASBAG) se solidarizam com a família e amigas de Fernanda Young nesse doloroso processo.

*Luiz Alexandre Souza Ventura é jornalista colaborador da CDD.

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