06.03.2024

Como lidar com oscilação de humor da TPM e doenças crônicas?

Ambas têm relação com nossas emoções, que são somatizadas pelo corpo

Nesta reportagem, você ficará sabendo que:
– Existem mais de 600 sintomas atrelados à TPM;
– Nem todas as mulheres relatam cólicas, mas a maioria reclama da oscilação de humor;
– Diagnóstico de doenças crônicas pode influenciar o período menstrual;
– Técnicas de relaxamento, mudanças na alimentação e exercícios físicos podem ajudar.

A Tensão Pré-Menstrual provoca oscilações de humor em mulheres praticamente todos os meses. Para aquelas que convivem com doenças crônicas, o desafio em lidar com o problema é dobrado, como conta Giovanna de Santana Regueiro, que tem Dermatite Atópica: “Eu sou muito sensível e sem paciência nenhuma nesse período. Tudo me irrita e, ao mesmo tempo, tudo me faz chorar. E por ser assim a minha pele sofre muito, já que o meu diagnóstico está totalmente ligado às minhas emoções”.

A jovem de 20 anos, que mora em Mogi das Cruzes, em São Paulo, relata que acorda com a pele toda vermelha no período menstrual. Giovanna, que também tem diagnóstico de psoríase, confessa que sente muita tristeza: “Fico me perguntando ‘porque eu estou passando por isso’ (em relação à minha pele). E quanto mais triste eu fico, mais pensamentos ruins aparecem. Vira uma bola de neve, a TPM com a minha pele. Acabo ficando mais irritada e, claro, reflete completamente no meu corpo todo“, conclui.

Mulher de cabelos escuros e longos, vestindo uma blusa azul escura de alças finas sorri levemente para a câmera.
Giovanna de Santana Regueiro (Foto: acervo pessoal)

Daniele Americano também tem oscilações de humor durante a TPM. “Ódio, tristeza, sensibilidade, todos esses sentimentos podem estar juntos num só dia (risos). Mas eu consigo identificar a raiva da TPM. Ela é sem sentido! Às vezes, a gente fica procurando “pelo que” brigar! Aí paro e analiso, vejo o calendário e confirmo que estou de TPM”, afirma.

Há 9 anos, Daniele convive com Neuromielite Óptica (NMO), doença autoimune, desmielinizante e rara. Por causa de um diagnóstico errado inicialmente, perdeu todos os movimentos do peito para baixo. Ela sente que fica com o ânimo aflorado durante o período menstrual. “Chorando por coisas bobas, o que é bom e ruim. Bom porque esse choro é livre e sincero, esvazia qualquer tristeza do coração e abre espaço para muito amor e gratidão”, avalia.

“Passei um ano lindo sem menstruar, provavelmente em razão dos corticoides. Mas depois que a menstruação e a TPM voltaram, a relação com a doença é hormonal e às vezes fico mais cansada, talvez pela fadiga crônica, característica da NMO que fica acentuada durante a TPM”, percebe Daniele.

Mulher de cabelos compridos, lisos e loiros jogados para o lado esquerdo sorri para a câmera. Ela veste uma blusa verde com a frase "todos pela cura da NMO" escrita dentro de um coração.
Daniele Americano (Foto: acervo pessoal)

Náira de Lima Tardivo, de 39 anos, descobriu que tinha endometriose há oito anos, depois de sofrer com cólicas muito fortes. “Menstruei com 11 anos e desde então todo ciclo eu tenho cólicas. Não faço uso de hormônios, mas já usei e somente nestes períodos melhorei das dores. Minha TPM sempre foi o menos sofrido dos meus ciclos. Quase sempre passava batido ou eu ficava sensível, chorona. Mas sinto que de um ano para cá estou ficando com uma irritabilidade intensa”, ressalta. Ela acredita que com a pandemia e a falta de exercícios físicos está mais difícil lidar com a situação.

A ginecologista Regina Paula Ares explica que a Tensão Pré-Menstrual é um conjunto de sinais e sintomas que variam muito: há mais de 600 sintomas relacionados a essa síndrome. “Em geral, eles se iniciam a partir da metade do ciclo menstrual (ovulação) e melhoram imediatamente antes do primeiro dia da menstruação”, esclarece.

Inchaço de mamas e abdome, intestino preso, irritabilidade, labilidade emocional (choro fácil, depressão), vontade de comer coisas muito doces ou muito salgadas, aumento do apetite de modo geral, diarreia, peso nas pernas e dor de estômago são alguns desses sinais e sintomas.

Além de conversar com seu ginecologista, algumas terapias alternativas podem aliviar os sintomas da TPM, como meditação, ioga, massagem ou drenagem linfática. A psicoterapia também é interessante, na medida que o autoconhecimento te ajudará a lidar com a situação, que faz parte do ser mulher e não pode ser estigmatizada.

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