26.09.2022 Saúde Pública

Quando você usa o SUS? Descubra quais serviços são oferecidos no Brasil

Por CDD

Na reportagem, você ficará sabendo que:

‘Ah, mas eu tenho plano de saúde e não preciso do SUS’. Você já deve ter ouvido isso de alguém alguma vez. Essa frase está fincada em uma completa falta de conhecimento sobre como funciona, de fato, o Sistema Único de Saúde no Brasil. Vem da ideia de que o atendimento público de saúde se resume a postos e hospitais. “O SUS é o maior sistema público de saúde de acesso universal do mundo. Tem o sistema inglês, que é grande, mas o SUS é o único que garante que qualquer pessoa seja atendida. E somos mais de 200 milhões de brasileiros”, afirma o médico e pesquisador Alcindo Antônio Ferla, doutor em Educação, professor de pós-graduação em Saúde Coletiva da UFRS e integrante do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Algumas das ações mais essenciais para garantir a saúde da população são realizadas pelo SUS: o controle de qualidade da água potável que chega à sua casa e até do esgoto por causa das verminoses, a qualidade da carne que você come, regula e educa sobre boas práticas para serviços de alimentação, por exemplo. “Aquele que diz que não usa o SUS, mas vai num restaurante e paga , sei lá, R$ 10 mil por um prato, numa refeição que vai consumir, também está usando o sistema. Quem faz a fiscalização sanitária naquele restaurante para garantir que ele não vai comer comida estragada é o SUS, é a vigilância sanitária”, lembra o economista Francisco Funcia, consultor técnico do CNS.

O SUS também faz ações de prevenção no controle de doenças como dengue, gripe e covid, e promoção da saúde em diversos lugares, como rodoviárias e aeroportos. “As ações de vigilância são sempre mais amplas, por exemplo, na vacinação, em estabelecimentos que comercializam alimentos, inclusive os planos privados de saúde são fiscalizados pela vigilância sanitária. E a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que regula os preços, também é um serviço do SUS, então, de verdade, é falsa a ideia de que não somos usuários. Todos somos”, ressalta Alcindo Antônio Ferla.

Se você sofrer um acidente de trânsito, por exemplo, a ambulância que vai te resgatar é do Sistema Único de Saúde. As regras para o registro de medicamentos no Brasil, renovação e certificação de boas práticas de fabricação das indústrias nacionais de farmoquímicos são averiguadas por agentes públicos para garantir a segurança.

Mas o SUS também atua na distribuição de medicamentos gratuitos, como anticoncepcionais e outros métodos de contracepção, preservativos e até fraldas. O Brasil é um dos países que oferece, de forma igualitária e universal, o maior número de vacinas de vários tipos de imunobiológicos em diferentes faixas etárias, da infância à terceira idade. “A questão de ‘eu pago a minha vacina’ não funciona. Você pode pagar a sua vacina mas, se não tiver um serviço de saúde pública, coletiva, que garanta que quase toda a população seja vacinada, você não vai escapar do problema”, considera Funcia.

O Brasil também tem um amplo sistema de transplante de órgãos e o SUS realiza 96% das cirurgias atualmente no País, além de garantir a assistência integral ao paciente transplantado. Para pacientes que têm câncer, o INCA desenvolve e coordena as ações integradas para a prevenção e o controle da doença, além de oferecer assistência médico-hospitalar gratuitamente.

A Rede de Bancos de Leite Humano, que engloba as ações de coleta, processamento e distribuição de leite humano para bebês prematuros ou de baixo peso que não podem ser alimentados pelas próprias mães, também faz parte do SUS.

Diante de tantos serviços prestados, por que muitos ainda insistem em dizer que não utilizam o SUS ou que o sistema não funciona? “A gente tem uma certa cultura de desqualificação do serviço público. Tem um conjunto de fake news dando conta de que temos muitos funcionários de saúde no Brasil e que não precisava. Quem inventa e dissemina informações falsas definitivamente não quer o bem de todos. Faz isso para destruir políticas públicas mesmo e ou falta capacidade cognitiva”, avalia Ferla.

Campanhas explicativas sobre as possibilidade de uso do Sistema Único de Saúde, além de esclarecer sobre os serviços, podem ajudar a aproximação da população com o tema, incentivando ainda mais a participação social. “As pessoas precisam ter informações sobre o funcionamento do SUS sob pena de termos redução de ações e orçamento para o sistema. Em 2017, tivemos um contingenciamento enorme na área de saúde e educação e o governo federal vai diminuindo a oferta de procedimentos a cada ano. A gente começa a ter hospitais fechando, municípios assumindo uma responsabilidade financeira muito maior do que poderiam e isso é uma ocorrência direta do desfinanciamento do SUS. É preciso uma reação forte das pessoas”, conclui o pesquisador Alcindo Antônio Ferla, doutor em Educação, professor de pós-graduação em Saúde Coletiva da UFRS e integrante do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Onde o SUS está?

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