Neuromielite Óptica: conheça sinais, sintomas e tratamentos da doença autoimune

Na reportagem, você ficará sabendo que:
– A Neuromielite Óptica é uma doença autoimune inflamatória do sistema nervoso central;
– Dores, fraqueza, oscilação do sono e visão e vômitos estão entre os principais sintomas;
– Custo é diferente entre os exames anti-mog e anti-aquaporina 4, que não são oferecidos pelo SUS;
– A NMO não tem cura, mas é possível conquistar qualidade de vida

Daniele Americano recebeu o diagnóstico de Neuromielite Óptica (NMO) somente um ano após o surgimento dos primeiros sintomas. Em 2012, ela teve vômitos incontroláveis por dois meses, perdeu oito quilos e ficou muito debilitada. “Fui a vários médicos, fiz diversos exames, mas nada foi detectado. Enfim, ninguém sabia o que eu tinha”, afirmou. Ela ficou cinco meses internada em hospitais, com uma alta errada nesse meio tempo que tirou os movimentos, força e sensibilidade do peito para baixo, além da paralisia facial.

A Neuromielite Óptica é uma doença autoimune inflamatória do sistema nervoso central (SNC) e é caracterizada por atingir e destruir os nervos ópticos e da medula espinhal. O corpo produz um anticorpo chamado aquaporina 4 e ele ataca uma proteína responsável por transportar água no sistema nervoso. Isso causa a destruição de células e fibras nervosas na medula espinhal (mielite) e fibras nervosas no nervo óptico (neurite óptica).

Os sintomas variam entre fortes dores na nuca, costas ou outras partes do corpo, náuseas e vômitos, tonturas, diminuição da audição, visão dobrada, alteração do sono, sensação de desmaios e baixa pressão, febre ou hipotermia, ou seja, temperatura corporal baixa.

“Outros sintomas da NMO são: paralisia das pernas, fraqueza intensa associada à alteração do controle da urina e das fezes, quadro que se instala de dias a semanas e pode ou não responder ao tratamento com corticóides para os episódios de surto”, explica a médica Raquel Vassão Araújo, consultora científica da AME e CDD.

Hoje, oito anos depois do diagnóstico, Daniele readaptou hábitos alimentares.

“Por se tratar de uma doença inflamatória, visando evitar novos surtos, optei por fazer uma alimentação anti-inflamatória. Retirei do meu cardápio aqueles alimentos considerados inflamatórios, como leite, glúten e açúcar”.

Quando perguntam se ela está bem, logo vem a resposta: “Todo dia um pouquinho melhor. E acredito de verdade nisso, porque acredito muito no poder da energia e das palavras. Precisamos querer e vibrar pela nossa melhora”, enfatiza.

A NMO é mais comum entre adultos de 20 a 40 anos de idade e a causa mais frequente é a esclerose múltipla. Além disso, infecções como encefalite viral, meningite, sífilis, tuberculose, sinusite e HIV também contribuem para o diagnóstico. A detecção de anticorpos anti-aquaporina 4 serve para diferenciar a Neuromielite Óptica da Esclerose Múltipla, principalmente em fases precoces dos sintomas.

Dani Americano (Foto: acervo pessoal)

Qual a diferença entre os exames anti-mog e anti-aquaporina 4?

Os dois exames são de sangue e são solicitados em casos de suspeita de NMO. A médica Raquel Vassão Araújo ressalta que o anti-aquaporina 4 é o mais solicitado. Ele também é frequentemente realizado quando há surgimento precoce dos sintomas. “O SUS não cobre esse exame, mas os planos cobrem. O anti-mog a gente solicita quando tem síndromes típicas de mog e quando tem resultado anti-aquaporina negativo”, explica a consultora científica da AME e CDD.

O fato de dar negativo nos dois exames não descarta o diagnóstico de Neuromielite Óptica, pois existe uma parcela, que não é tão pequena assim, de pacientes que não conseguirão resultados que apontam a doença. “O anti-mog é um anticorpo descrito há bastante tempo e é menos comum em pacientes com NMO, mas é virtualmente impossível que pacientes com anti-aquaporina 4 tenham o anti-mog positivo. O anti-aquaporina é mais frequente em mulheres’, afirma Raquel Vassão Araújo.

O exame anti-mog é considerado de mais alto custo se comparado com o anti-aquaporina. Embora a NMO não tenha cura, a doença pode ser tratada, geralmente, com o uso de corticoide.

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