O que são doenças desmielinizantes e quais são os principais sinais?
Esclerose Múltipla e Neuromielite Óptica, duas doenças desmielinizantes, por exemplos, têm sintomas semelhantes
Na reportagem, você ficará sabendo que:
– Aproximadamente 50% dos pacientes que apresentam NMO desenvolvem a EM ao longo do tempo.
– O inverso também ocorre, por isso, quem tem Esclerose Múltipla precisa ficar atento.
– Em 20% dos casos, a primeira manifestação da esclerose múltipla é a neurite óptica.
Para entender o conceito ‘desmielinizante’ é preciso colocar uma lupa em uma estrutura específica do nosso corpo chamada Bainha de Mielina. Ela é uma capinha de gordura do axônio, que faz parte do prolongamento dos neurônios e leva o impulso nervoso a diferentes locais do organismo para produzir respostas a estímulos. Quando a bainha de mielina é saudável, os sinais nervosos são enviados e recebidos rapidamente.
Mas o que são doenças desmielinizantes e o que ocorre no nosso organismo? Nessas patologias, a bainha de mielina está danificada e seus nervos não são capazes de enviar e receber mensagens como deveriam. É como se o fio do secador de cabelo, por exemplo, estivesse descascando, sob o risco de provocar um curto circuito ou até dar choque.
A inflamação da mielina pode ser primariamente autoimune, causando sintomas nos movimentos corporais, nas sensações e cognição, por exemplo, ou secundária a outra causa, originária de uma infecção em alguns casos.
As doenças desmielinizantes podem ocorrer no sistema nervoso central ou periférico.
Doenças desmielinizantes do Sistema Nervoso Central (SNC)
Uma das doenças desmielinizantes do Sistema Nervoso Central mais conhecidas é a Esclerose Múltipla, que afeta o cérebro e a medula espinhal, interferindo na capacidade de controlar funções como caminhar, enxergar, falar e urinar. Na EM, o sistema imunológico do corpo trata a mielina como uma ameaça. Quando isso acontece, os nervos dentro da bainha podem ser danificados, tendo mais dificuldade para levar as mensagens que dizem ao seu corpo para se mover, por exemplo.
Além da Esclerose Múltipla, existem outras doenças desmielinizantes do SNC, como mielite transversa, doença de Devic, leucoencefalopatia multifocal progressiva, neurite óptica, leucodistrofias e Síndrome de Van der Knaap.
Doenças desmielinizantes do Sistema Nervoso Periférico (SNP)
Os neurônios que estão com a bainha de mielina danificada também podem se concentrar no Sistema Nervoso Periférico. E algumas doenças desmielinizantes do SNP são:
– Síndrome de Guillain-Barré: é uma doença autoimune em que o sistema imunológico do indivíduo produz anticorpos contra a própria bainha de mielina. Os pacientes podem ter comprometidas as capacidades de movimentação e sensibilidade ao calor, dor, texturas e outras sensações. Os principais sintomas são fraquezas e dores musculares, perda de reflexo, comprometimento respiratório, aumento da pressão arterial, alteração dos movimentos dos olhos, entre outros.
– Neuropatia periférica anti-MAG: é uma doença que surge, em grande parte dos casos, como uma condição secundária, no tratamento de câncer, insuficiência renal, hipotireoidismo e condições específicas dos nervos. Alguns sintomas são: formigamentos, perda de sensibilidade nas extremidades, principalmente pés e mãos, perda de força, perda de massa muscular.
– Doença de Charcot-Marie-Tooth: é uma das formas mais comuns do grupo de neuropatias motoras e sensitivas hereditárias, apesar de ser considerada doença rara. É caracterizada por debilidade e atrofia muscular progressiva da panturrilha, com déficits sensitivos e motores, problemas ortopédicos. Fraqueza muscular, dificuldade de locomoção e paralisia são alguns dos principais sintomas.
Quais são as principais diferenças entre Esclerose Múltipla e Neuromielite Óptica?
Tanto a Esclerose Múltipla quanto a Neuromielite Óptica são doenças desmielinizantes do Sistema Nervoso Central. “A Neuromielite Óptica, por muitos anos, foi confundida pela própria Esclerose Múltipla, que no Brasil acomete cerca de 20 pessoas a cada 100 mil habitantes. A NMO ataca uma pessoa a cada 100 mil. Então, é uma doença rara, mas com impactos significativos na vida da pessoa”, ressalta Gustavo San Martin, fundador da AME-CDD.
A NMO é uma inflamação do nervo óptico, que é responsável pela transmissão da imagem que captamos com os nossos olhos e a leva até o cérebro. Ela pode também atingir a medula espinhal e o cérebro, podendo levar à cegueira, perda dos movimentos parciais e totais do corpo e até à morte.
Os pacientes que têm esse diagnóstico afirmam que têm uma diminuição súbita da visão, com vista embaçada, redução do brilho e começam a ver as cores desbotadas, além de mancha escura no centro do campo de visão e dor no olho. “Há 9 anos tenho diagnóstico de uma doença autoimune, desmielinizante, rara e grave chamada Neuromielite Óptica (NMO) e por causa de um diagnóstico errado e uma consequente alta equivocada do hospital quando estava apresentando piora no quadro, perdi todos os movimentos do peito para baixo”, relata Dani Americano.
Quase metade dos pacientes que apresentam a NMO desenvolvem a Esclerose Múltipla ao longo do tempo. O inverso também ocorre, por isso, quem tem EM precisa ficar atento. Outra informação importante é que, em 20% dos casos, a primeira manifestação da esclerose múltipla é a neurite óptica. Além do exame oftalmológico, a pessoa passa por testes do campo visual e ressonância magnética.
Os sinais comuns entre as doenças são fraqueza dos membros e disfunção vesical. As duas apresentam neurite óptica, mas de formas diferentes: na Neuromielite Óptica é bilateral e na Esclerose Múltipla é unilateral.
Na NMO, a mielite é transversa, causando paraparesia (espasmos musculares, com fraqueza, cãibras, etc) ou quadriparesia simétrica, afetando todo o corpo. A desmielinização espinhal é maior na NMO do que na Esclerose Múltipla.