Saiba tudo sobre doenças de pele
DERMATITE ATÓPICA
O que é?
A dermatite atópica (DA) é uma doença genética e crônica, que causa uma inflamação da pele. Os principais sintomas são irritação na pele e regiões avermelhadas e secas, principalmente nos braços e atrás dos joelhos.
Cerca de 60% dos casos aparece no primeiro ano de vida, e a principal causa é o histórico familiar da doença. No Brasil, afeta cerca de 25% das crianças e 7% dos adultos. Fatores ambientais, como poluição, e substâncias irritantes, como produtos de limpeza e fragrâncias, também estão associados à condição.
É comum que a DA seja acompanhada de outros quadros clínicos, como a rinite alérgica, bronquite ou asma, além de alergias alimentares.
O que causa
Em geral, a dermatite atópica está associada a fatores genéticos e a presença da doença em outras pessoas da família. Suor excessivo, baixa umidade do ambiente, uso de roupas e lã ou de tecidos ásperos, banhos com água quente e situações de estresse podem disparar os sintomas da DA por conta da irritação que causam na cútis.
Sintomas
Aparecimento de lesões avermelhadas e secas que causam muita coceira, que desencadeia escoriações e feridas. Em geral, ocorrem nas regiões de dobras do corpo e/ou próximas ao couro cabeludo. Nas crianças pequenas, é comum observar lesões e feridas no rosto.
Diagnóstico
É feito através de consulta com dermatologista, que irá analisar a característica das manchas e feridas na pele, além do histórico médico e familiar. Não existem exames específicos para o diagnóstico de DA.
Como tratar ou prevenir
Não existe cura para a DA – embora, na infância, ela possa desaparecer por conta própria. Ainda assim, algumas condutas terapêuticas ajudam no alívio dos sintomas. Geralmente, o tratamento começa com a hidratação da pele, com o uso frequente de emolientes e hidratantes. É importante que a pessoa evite banhos quentes e priorize sabonetes que respeitem o pH da pele.
O médico também pode indicar medicamentos anti-histamínicos, para redução da coceira e auxílio na recuperação da pele. Em alguns casos, há a opção por tratamentos tópicos, com cremes ou pomadas à base de cortisona. Mais recentemente, a Anvisa aprovou o tratamento com imunobiológicos para controle da condição.
Estilo de vida
Como se trata de doença caracterizada pela inflamação e secura da pele, é importante que o indivíduo mantenha uma rotina de hidratação. Os ambientes devem ser mantidos limpos e é indicado o uso de roupas leves, com tecido de algodão, em vez de tecidos sintéticos que causam irritação na pele.
Banhos quentes e longos devem ser evitados, assim como produtos com fragrância e sabonetes que desequilibram o pH da pele. Os portadores devem priorizar o uso de sabonetes neutros.
Fontes
Mayo Clinic
Sociedade Brasileira de Dermatologia
Portal de Boas Práticas (Fiocruz)
Sociedade Brasileira de Dermatologia – RJ
URTICÁRIA CRÔNICA ESPONTÂNEA
O que é?
A urticária crônica espontânea (UCE) é um tipo de irritação cutânea que gera muita coceira, ardor ou queimação. Chamadas de “urticas”, as lesões deixam vergões avermelhados na pele, com o centro mais claro.
Em alguns casos, é acompanhada de angioedema, isto é, inchaço nas pálpebras, lábios, língua e garganta, que pode levar a dificuldades de respiração – nessas situações, é necessário procurar uma emergência médica imediatamente.
A irritação acomete qualquer parte do corpo, e as lesões podem ficar isoladas ou formar placas avermelhadas. Ela é classificada, de acordo com a duração, em crônica ou aguda. A aguda é a mais comum: afeta entre 20 e 25% das pessoas pelo menos uma vez na vida. Os casos agudos duram menos de seis semanas, enquanto os casos crônicos podem se estender por meses ou anos.
A urticária crônica espontânea é mais comum na faixa etária dos 20 aos 40 anos, mas independe de idade. A prevalência é maior entre as mulheres. Cerca de 0,5% a 1% da população mundial sofre com a condição.
O que causa
Os casos de urticária são divididos em induzidos e espontâneos. A induzida ocorre quando é possível identificar a causa da irritação, que vai desde o uso de alguns medicamentos até o consumo de certos alimentos, passando por infecções. Agentes externos como calor, exposição ao sol, exercícios físicos, picadas de inseto, pressão causada por roupas e acessórios justos também podem desencadear as lesões típicas da doença.
Já a UCE espontânea, também chamada de idiopática, não tem causa identificável, e representa a maior parte dos casos.
Embora não seja caracterizada como uma alergia, a urticária envolve a ação da histamina, substância também liberada em processos alérgicos. A doença também pode estar relacionada a condições autoimunes, como lúpus e distúrbios da tireoide.
Sintomas
Os principais sintomas da urticária crônica espontânea são o inchaço, a vermelhidão e a coceira na pele. O tamanho das lesões é variável, e elas podem se localizar em qualquer parte do corpo. Devido à intensa coceira causada pelas lesões, há impacto negativo na saúde mental.
Casos graves podem levar à anafilaxia, causando náuseas, queda de pressão arterial, inchaço da glote e vômitos. Isso, por sua vez, demanda atendimento de emergência.
Diagnóstico
É essencialmente clínico e leva em conta a análise das lesões, o histórico do paciente e os sintomas relatados. Eventualmente, podem ser solicitados exames de sangue, fezes e urina ou biópsia da pele para identificar a causa e diferenciar de outros tipos de doenças cutâneas com sintomas semelhantes como a DA.
Como tratar ou prevenir
Nos casos em que há causa identificável, a primeira medida é afastar o fator de irritação. No entanto, como já mencionado, esses casos são a minoria.
No geral, é indicado buscar um alergista ou imunologista para realizar o diagnóstico e tratamento. Os antialérgicos são a classe de medicações mais utilizada no tratamento. As doses variam de acordo com a reação do paciente. A remissão espontânea da doença ocorre em cerca de 35% a 50% das pessoas.
Corticoides podem ser usados, por períodos curtos, para controlar os sintomas mais graves. Também podem ser receitados imunossupressores.
Tratamentos mais recentes com imunobiológicos são receitados especialmente para casos em que o indivíduo não responde às medicações tradicionais.
Em casos mais raros, em que não há resposta ao tratamento, é preciso investigar a associação com outras doenças, como outros tipos de urticária e problemas inflamatórios.
Estilo de vida
Para todos os tipos de urticária, é recomendado evitar exposição ao calor, consumo de bebidas alcoólicas ou estresse, fatores que podem piorar as lesões. Nos casos de urticária aguda provocada por algum agente externo, vale retirar esse elemento da rotina.
Fontes
Sociedade Brasileira de Dermatologia
Drauzio Varella
Chronic spontaneous urticaria
Primary Care Dermatology Society
PSORÍASE
O que é?
A psoríase é uma doença inflamatória da pele não contagiosa, que gera manchas róseas e avermelhadas, principalmente nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo. É crônica e não possui cura. Sua ocorrência está associada a condições genéticas, ambientais e de comportamento. Na maior parte dos casos, a doença ocorre em ciclos, com sintomas que desaparecem e reaparecem periodicamente. A Sociedade Brasileira de Dermatologia estima que 1,3% da população tenha a psoríase.
O que causa
Pesquisas indicam que cerca de 30% dos casos estão associados a fatores genéticos. Fatores ambientais, como frio extremo, e comportamentais, como estresse, também influenciam na sua manifestação.
Evidências científicas indicam a relação entre a liberação de substâncias inflamatórias pelos linfócitos T com a condição. Esse processo inflamatório intenso geraria descamação e lesões da pele.
Sintomas
Os principais sintomas incluem erupções na pele, que podem variar de acordo com a pessoa. As feridas vão desde manchas na pele até grandes erupções em diferentes partes do corpo. Pode gerar coceira, queimação ou dor. Na maior parte dos casos, as lesões são cíclicas, desaparecendo algumas semanas ou meses depois do surgimento. No entanto, existem diferentes tipos de psoríase, que apresentam sintomatologias específicas.
- Psoríase em placas ou vulgar: é a forma mais comum, com a presença de placas avermelhadas com escamas esbranquiçadas. Podem coçar e em alguns casos doer. Em geral, aparecem nos joelhos, cotovelo e couro cabeludo.
- Psoríase ungueal: ocorre nas unhas das mãos e dos pés, gerando crescimento anormal, endurecimento, mudança de cor e, em alguns casos, descolamento da unha.
- Psoríase do couro cabeludo: formação de placas avermelhadas com manchas esbranquiçadas no couro cabeludo. Ao coçar, é possível ver escamas, que podem ser confundidas com caspas.
- Psoríase gutata: ocorre em decorrência de infecções bacterianas, e afeta mais crianças e adultos até os 30 anos. O paciente apresenta pequenas feridas em forma de gota com escamas finas, principalmente no tronco, nos braços, nas pernas e no couro cabeludo.
- Psoríase invertida: ocorre principalmente nas dobras e áreas úmidas, como as axilas, a virilha e a região abaixo dos seios. O quadro geralmente apresenta manchas avermelhadas, sem a descamação observada nas outras regiões do corpo.
- Psoríase pustulosa: é uma forma grave da doença, que pode surgir acompanhada de febre, calafrios e fadiga. Bolhas de pus pipocam em regiões inflamadas, podendo desaparecer dentro de dois ou três dias, mas com a possibilidade de reaparecer dentro de semanas.
- Psoríase eritrodérmica: é a versão mais rara. Acomete o corpo inteiro com manchas vermelhas e pode surgir após queimaduras graves, início ou interrupção de tratamentos medicamentosos ou como consequência de outros tipos de psoríase.
- Artrite psoriática: é a manifestação da psoríase nas articulações. Ela causa fortes dores nas juntas, rigidez progressiva e deformidades.
Como tratar ou prevenir
Embora não tenha cura, os tratamentos permitem controle dos sintomas, que podem afetar a qualidade de vida. Medicamentos tópicos na região das lesões devem ser aplicados com orientação do dermatologista. Tratamentos com luz ultravioleta, chamados de fototerapia, também podem ser usados.
Medicamentos via oral ou injetáveis em geral são receitados para os casos moderados ou graves. Aqui estão inclusos os imunobiológicos, especialmente úteis para as situações mais severas, como no caso da psoríase pustulosa generalizada.
Pessoas com psoríase podem ter maior risco de outras doenças associadas, como artrite psoriásica, complicações cardiovasculares e intestinais, diabetes e depressão. Por isso, ter um acompanhamento médico é recomendado. Tratamento psicológico também é um grande aliado do tratamento, já que a psoríase costuma piorar com o estresse e também afetar a autoestima.
Estilo de vida
De forma geral, um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e exercícios físicos são boas indicações para controlar a doença. Vale evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o uso de cigarro, que podem piorar as lesões. Manter a pele hidratada também é recomendado.
Fontes
Psoríase | Biblioteca Virtual em Saúde MS
Sociedade Brasileira de Dermatologia
New insights of T cells in the pathogenesis of psoriasis | Cellular & Molecular Immunology – Nature
Sociedade Brasileira de Dermatologia – Consenso Brasileiro sobre Psoríase