“Contrair gripe pode ser uma tragédia na vida de quem tem asma e DPOC, principalmente idosos”, alerta pneumologista

Clystenes Soares destaca importância da vacinação para prevenir 5 doenças sensíveis em pacientes que convivem com uma condição respiratória crônica, como Asma e DPOC; saiba mais

A temporada de outono e inverno é desafiadora, sobretudo para pessoas que convivem com doenças respiratórias. Dados do Ministério da Saúde revelam que, de março a maio deste ano na comparação com 2022, só 55% dos idosos foram vacinados na campanha contra a gripe. No mesmo período, houve um aumento de 4,5 vezes de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no País. 

“Vamos partir dos pacientes do grupo de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica que são aqueles de um grupo especial, porque a faixa etária geralmente é mais avançada e o idoso tem aquilo que a gente chama de imunossenescência, que é o envelhecimento do sistema imunológico. E como nós podemos superar isso? Através de vacinas”, ressalta Clystenes Odyr Soares, diretor de ensino da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

O pneumologista, que também é professor de Pneumologia da Unifesp, afirma que quem tem DPOC pode se prevenir contra cinco doenças respiratórias agora no inverno. “Primeiro a influenza. Quero lembrar que essa doença não é restrita ao aparelho respiratório. A gripe forte amplia o risco de complicações cardiovasculares, de infarto, AVC, descompensação cardíaca, descompensação de doenças crônicas como o diabetes, insuficiência renal, etc. Então, quando você toma a vacina contra a influenza, não está só prevenindo a gripe”. 

Outras doenças importantes de serem prevenidas para quem tem DPOC, segundo Clystenes Odyr Soares, são: pneumonia, coqueluche e covid – todas com vacinas disponíveis no SUS. “Também preciso falar sobre a vacina contra herpes zóster (na rede particular). Esse vírus é terrível, porque ele fica quietinho uns 40 anos no organismo e, quando a pessoa desenvolve alguma doença que compromete a imunidade, aí ele aparece. E pra quem tem DPOC desenvolver o herpes é terrível”, acrescenta.

Na visão do especialista, vacinar o paciente que tem Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é tão importante quanto realizar o tratamento e fazer uso dos broncodilatadores que são prescritos pelos médicos. 

A situação é a mesma para quem tem asma: “Nós temos no Brasil 22 milhões de asmáticos. É um número impressionante! Os vírus podem desencadear uma crise nesses pacientes. Pessoas com doença do pulmão, bronquiectasia, fibrose cística, sequelas de alguma patologia como a tuberculose, processos alérgicos, rinossinusite e quem é fumante: não deixe de se vacinar! Contrair uma gripe pode ser uma tragédia na vida de quem tem asma e DPOC, sobretudo a população idosa. Além do risco de infarto e outras doenças cardíacas, a gripe pode se tornar tão grave que desencadeará uma pneumonia”, destaca o pneumologista Clystenes Odyr Soares. 

A hesitação vacinal e as fake news são fatores que atrapalham o engajamento das pessoas, diminuindo a procura por vacinação. O diretor de ensino da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia também aponta certa campanha negativa contra a imunização por parte de alguns profissionais de saúde. “Não é raro eu atender pacientes dizendo que não tomaram a vacina porque o médico contraindicou por causa da doença crônica, o que é inadmissível. As vacinas são seguras e eficazes. O Brasil tem uma cobertura nacional, é vanguardista na vacinação, mas infelizmente esse movimento ideológico ‘antivacinismo’ é intenso e atrapalha muito”, conclui o pneumologista.

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