14.10.2022 Saúde Pública

Campanha de vacinação contra poliomielite é prorrogada em, pelo menos, nove Estados do Brasil

Por CDD

Ministério da Saúde informa que cobertura vacinal da poliomielite está em pouco mais de 60%.

Por Camila Tuchlinski

Pelo menos nove Estados do Brasil prorrogaram a campanha de vacinação contra a poliomielite por causa da baixa adesão. Dados do Ministério da Saúde revelam que a cobertura vacinal está em 63,21%. O Plano Nacional de Imunização se encerraria em 30 de setembro para crianças entre 1 e 5 anos de idade.

“Para manter a poliomielite longe, é preciso uma taxa de vacinação de 90%. Mesmo as crianças vacinadas precisam receber a dose de reforço”, afirma a pediatra Zuleid Mattar. A doença era considerada extinta no Brasil mas, no Pará, um caso de uma criança de três anos que apresentou perda de força nas pernas, febre e dores musculares está sendo investigado pela Secretaria de Saúde local. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse em entrevista à CNN Brasil que a criança estava com a primeira fase vacinal incompleta.

“A vacinação é extremamente importante ainda pois é uma doença que não foi erradicada no mundo. Com a globalização e as pessoas viajando pelo mundo, ainda temos o risco da reintrodução do vírus no Brasil e, com a baixa cobertura vacinal, nossas crianças estão desprotegidas”, enfatiza a infectologista Raquel Stucchi.

A médica ressalta que uma das consequências mais temidas é a paralisia infantil, fraqueza e diminuição da musculatura das pernas. Porém, a pediatra Zuleid Mattar alerta que pode levar à morte: “A poliomielite é um vírus que atinge os músculos, inclusive os músculos da respiração, podendo levar à morte. A criança não consegue mais respirar”.

A imunização está disponível, de graça, no SUS, e é aplicada em bebês no segundo, quarto e sexto mês de vida, por injeção na perna. Depois, crianças com 15 meses e 5 anos recebem a vacina em forma de gotinhas.

“As crianças que não receberam nenhuma dose quando bebês precisam tomar as 3 injetáveis e, depois, as gotinhas. Aquelas que convivem com pessoas imunossuprimidas, até por uso de medicações que diminuem a defesa do organismo, vão tomar sempre a vacina injetável, feita com vírus morto”, explica a infectologista Raquel Stucchi.

Por que a cobertura vacinal está baixa?

Ainda existe muita resistência sobre a vacinação por causa das notícias falsas, na avaliação da pediatra Zuleid Mattar: “Grupos antivacinas que usam argumentos completamente desprovidos de informação científica e fazem com que pessoas fiquem assustadas e se neguem. Ouço argumentos falsos de efeitos colaterais e doenças a longo prazo que não existem. Muita gente fala: ‘não vacinei meu filho e ele não pegou’. Não pegou porque todos à volta dele se vacinaram e você fez uma cobertura terciária, mas isso não é justo. É uma questão de cidadania e a vacinação é um ato de amor”, conclui.

A infectologista Raquel Stucchi acrescenta: “A resistência em vacinar existe também porque é uma ‘doença do passado’ e as pessoas têm dificuldade para entender que ela pode voltar. Com isso, os pais perdem o medo dela. Mas a poliomielite só não está muito mais entre nós por causa da vacinação”, ressalta.

Estados brasileiros que prorrogaram a vacinação

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