23.04.2022 Outras Patologias

A alimentação pode afetar o risco de câncer de mama?

Por CDD

Se você é alguém que vive com o risco de câncer de mama, pode estar se perguntando o que pode fazer – além do tratamento e fora do consultório do seu médico – para manter a doença sob controle ao longo vida. Uma peça em potencial neste quebra-cabeça, se você estiver disposta a ajustar seu estilo de vida, é a alimentação.

Conclusões concretas em relação à alimentação e à doença são difíceis de obter porque os estudos que comprovam uma correlação direta entre os alimentos e o risco são difíceis de serem feitos. Muitos estudos, por exemplo, são baseados na lembrança das pessoas sobre o que comiam. Se você não consegue se lembrar do que comeu no café da manhã ontem, você entenderá o problema.

Dito isto, as evidências, ao longo do tempo, tendem a se acumular e levar a um consenso.

Quando se trata de câncer de mama, a evidência científica mais forte sobre a relação entre câncer e a alimentação, até agora, apoia uma dieta baseada em vegetais, anti-inflamatória, com consumo de peixes e evitando carne vermelha, diz Joe Feuerstein, médico integrativo em Stamford, Connecticut, que aconselha pacientes com uma ampla variedade de doenças sobre como aproveitar sua alimentação para melhorar a saúde.

Por que controlar a inflamação é fundamental?

“A inflamação faz parte da resposta normal de cura do corpo ao dano”, diz o Dr. Feuerstein. “No entanto, como parte dessa resposta, há uma liberação de substâncias no organismo que promovem a divisão celular, o que não é algo ideal em pacientes com câncer.”

Quanto à carne vermelha, ela contém hormônios (que podem chegar a estimular o crescimento do câncer de mama), produtos químicos desreguladores endócrinos e contém heme (ferro), um oxidante potencialmente prejudicial aos genes, diz Feuerstein. Ainda, se a carne passar pela grelha, terá adicionado aminas heterocíclicas (substâncias que se formam quando aminoácidos, açúcares e creatina reagem a altas temperaturas do cozimento), compostos associados ao risco de câncer em estudos de laboratório.

Mudar a alimentação fará diferença para a sua saúde?

“Você não eliminará seu risco” ao comer alimentos à base de plantas e anti-inflamatórios, diz Feuerstein. “Mas você pode tentar tornar a grama do seu jardim o mais inóspita possível para as ervas daninhas”, diz ele. Aqui estão as seis principais escolhas de supermercado de Feuerstein que ele recomenda para mulheres que desejam evitar o câncer de mama ou mantê-lo sob controle.

  1. Vegetais crucíferos

Esta família de vegetais deriva seu nome de folhas e caules em forma de cruz (crucífero vem da palavra crucifixo) e inclui couve de Bruxelas, repolho chinês, rúcula, couve, brócolis e couve-flor (entre outros). Esta família de vegetais é rica em cálcio e dois tipos de compostos em particular – indóis e isotiocianato – que foram amplamente estudados por suas propriedades de combate ao câncer. Os estudos em animais foram mais conclusivos do que os feitos em humanos, mas Feuerstein os recomenda porque “contêm compostos chamados indol-3-carbinois, que contribuem para a desintoxicação do excesso de estrogênio”, diz ele. O estrogênio é um hormônio que pode estimular o crescimento do câncer de mama. “Considere-os seus amigos”, diz Feuerstein.

  1. Ovos

A evidência de que os ovos de galinha são ingredientes preventivos está em todo lugar, diz Feuerstein. Ele recomenda dois ovos por semana porque, além de serem uma fonte de proteína que não é carne, eles são ricos em colina, luteína e zeaxantina, todos micronutrientes que acredita-se terem propriedades de combater diferentes doenças. Se você deseja melhorar o seu repertório de café da manhã para além de alguns ovos por semana, Feuerstein recomenda ainda um parfait de iogurte feito a partir de um iogurte fermentado de nozes, como um iogurte de caju cultivado, com linhaça e frutas vermelhas.

  1. Peixe

A pesquisa epidemiológica há muito percebeu o fato de que o câncer de mama é menos comum em países onde as pessoas comem muito peixe (em comparação com a dieta ocidental rica em carne). Isso pode ser porque o peixe, além de ser uma boa fonte de proteína sem carne vermelha, possui propriedades anti-inflamatórias na forma de ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs). Pesquisas recentes em camundongos criados para uma forma agressiva de câncer de mama, de fato, descobriram que a exposição a PUFAs mitigou o risco dos animais de desenvolver a doença ao longo de suas vidas. “Faça peixes que são gordurosos de água fria, como atum – atum gaiado, não o albacora, já que quanto maior o peixe, maior a possibilidade de ter mercúrio – além de salmão vermelho, sardinha, arenque e cavala”, diz Feuerstein.

  1. Chá verde

O chá verde foi identificado como um super ingrediente potencial porque é muito consumido nas culturas asiáticas, onde o risco de câncer de mama é menor. Mas a pesquisa está em andamento. “Estamos descobrindo cada vez mais que existem grandes efeitos antioxidantes no chá verde”, diz Feuerstein. Os antioxidantes ajudam a prevenir danos às células causados ​​pelos radicais livres que são gerados como parte do metabolismo normal e que podem causar danos genéticos nas células levando ao crescimento do câncer. “Os compostos de polifenóis nas folhas funcionam como antioxidantes e desintoxicam os radicais livres que danificam as células”, diz Feuerstein. Algumas pesquisas sugerem que os polifenóis do chá verde também podem reduzir a atividade do estrogênio, que pode estimular o crescimento do câncer de mama. Um grande estudo com mulheres asiáticas, que bebiam chá verde e estavam na pós-menopausa, encontrou uma redução de 25% na recorrência do câncer de mama, diz Feuerstein.

  1. Soja

Houve muita preocupação sobre as mulheres com câncer de mama comendo soja porque a estrutura química da soja é semelhante ao estrogênio. Mas esta teoria foi amplamente desmascarada em muitos estudos de longitudinais, diz Feuerstein. “A soja é uma proteína vegetal rica em nutrientes que contém todos os nove aminoácidos essenciais, o que é relativamente raro no mundo das plantas”, diz ele. “É uma fonte de proteína ideal.” Ao considerar qual produto de soja comer, procure soja em forma de alimento integral, como tempeh (prato tailandês feito a partir de grãos fermentados), edamame (soja ainda na vagem verde), missô (pasta preparada a partir da soja) e tofu (queijo vegetal feito a partir do leite de soja), ao invés de shakes de soja, suplementos ou proteína de soja, aconselha ele. “Existe alguma preocupação de que a concentração de fitoestrógenos em alimentos processados ​​de soja seja muito maior do que a dos produtos alimentares naturais.”

  1. Iogurte

Apenas um quarto ou ⅓ de xícara de leite de vaca mostrou aumentar o risco de câncer de mama em 30%, de acordo com um estudo publicado no International Journal of Epidemiology, em 2020. Uma razão pode ser o conteúdo de hormônios sexuais do leite lácteo, já que as vacas estão em lactação (e muitas estão prenhas). Mas o risco parece ser menor, diz Feuerstein, se o laticínio for fermentado, como no iogurte – que também é uma boa fonte de cálcio e proteína. “O iogurte também contém bactérias benéficas, como probióticos, que podem diminuir a inflamação e diminuir o risco de câncer de mama”, diz ele.

Tradução e adaptação: Equipe da Crônicos do Dia a Dia (CDD) 

Fonte: Everyday Health

Escrito por Lambeth Hochwald, revisado pelo médico Thomas Urban Marron, em 31 de março de 2022.

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