Aberta consulta pública para adultos com dermatite atópica
Está aberta, até 17 de julho, a Consulta Pública Conitec/SECTICS nº 38/2024. Ela trata sobre a incorporação dos medicamentos abrocitinibe, baricitinibe, dupilumabe e upadacitinibe para o tratamento da dermatite atópica moderada a grave em adultos.
Qualquer pessoa pode participar da consulta. Então deixe sua contribuição através do portal gov.br.
O que dizem os demandantes
De acordo com os demandantes, os quatro medicamentos contribuem para diminuir a inflamação e sintomas da dermatite atópica, uma doença inflamatória crônica. O abrocitinibe, baricitinibe, upadacitinibe agem inibindo a enzima Janus Quinase (JAK), que está relacionada à liberação de substâncias inflamatórias. Por sua vez, o dupilumabe é um anticorpo monoclonal, ou seja, é um medicamento capaz de reconhecer proteínas específicas envolvidas no processo de inflamação da DA. Conforme os testes clínicos, “todas as quatro tecnologias avaliadas apresentaram maior redução dos sinais clínicos e da intensidade do prurido até a semana 16, em adultos com DA moderada à grave”.
O parecer preliminar que trata do uso dos medicamentos em adultos com dermatite atópica (DA) moderada a grave, foi favorável à incorporação apenas do baricitinibe e desfavorável à incorporação dos demais. De acordo com o relatório para a sociedade, disponível na página da consulta: “o Comitê considerou que, embora os quatro medicamentos tenham se mostrado eficazes e seguros em relação ao placebo, somente o baricitinibe se mostrou custo-efetivo de acordo com o limiar de custo-efetividade atualmente adotado pela Conitec.”
O que dizem os especialistas
Como aponta o méedico dermatologista Wagner Galvão, a dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica da pele que causa um impacto significativo tanto físico quanto psicológico. Uma pesquisa revela uma forte associação entre a DA e vários problemas de saúde mental, destacando a necessidade de tratamento precoce e eficaz.
Ainda conforme o estudo, os pacientes com DA apresentam uma prevalência maior de condições de saúde mental como TDAH, ASD, transtorno de conduta e depressão em comparação com aqueles com outras condições dermatológicas. Mais especificamente, as razões de chance (OR) para essas condições em pacientes com DA são significativamente elevadas: TDAH (OR=1.48), ASD (OR=1.54), transtorno de conduta (OR=2.88) e depressão em DA severa (OR=3.15).
Tendo isso em mente, a gravidade da DA está diretamente correlacionada com a incidência desses problemas de saúde mental. Ou seja, os pacientes com DA moderada e severa exibem maiores chances de depressão, ansiedade e distúrbios do sono. A inflamação crônica, característica da DA, desempenha um papel crucial no desenvolvimento dessas comorbidades psiquiátricas. Níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias em pacientes com DA têm sido associados à depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental.
A duração da doença também contribui para o fardo psicológico. Dessa forma, os pacientes com longa história de DA são mais propensos a desenvolver depressão e outras condições de saúde mental. Isso reforça a importância de um manejo eficaz da doença ao longo do tempo.
Impacto na saúde mental
Dado o impacto profundo da DA na saúde mental, a intervenção precoce é essencial. Assim, o tratamento rápido e eficaz pode ajudar a mitigar a gravidade da doença e seu fardo psicológico associado. Ao controlar a inflamação e reduzir a natureza crônica da DA, o tratamento precoce pode prevenir o surgimento de problemas graves de saúde mental, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Para o dermatologista Guilherme Muzy, existe uma demanda não atendida para o tratamento de dermatite atópica, uma vez que a única opção medicamentosa disponível atualmente é a ciclosporina. Apesar de terem mecanismos de ação semelhantes, cada medicamento tem funcionamento único e isso é importante para dar opções maiores aos médicos e pacientes, que também têm suas particularidades.
“Os inibidores da JAK se mostram medicações fáceis de serem disponibilizadas, porque eles não necessitam de cadeia fria. Enquanto, por exemplo, os biológicos podem ficar restritos especificamente para pacientes que tenham falha, contraindicação e intolerância a outros medicamentos”, destaca o médico.
O que dizem os pacientes
Para Natália Almeida, paciente de DA, o uso de um inibidor de JAK contribuiu de maneira fundamental para sua condição: “Eu sinto meu coração acelerar toda vez que eu falo do medicamento, porque ele me tirou do fundo do poço. Estava coberta de lesões, não conseguia sair da cama, não conseguia vestir roupas. Os meus pais me viam naquela situação e não sabiam o que fazer. Eles choravam comigo. Quando comecei com o upadacitinibe foi questão de 48 horas para eu não sentir mais coceira ou ardência”, declara a estudante.
Por sua vez, o paciente Lucas Odaira fez 2 cirurgias de catarata em decorrência de reações adversas ao uso de corticoide. Este é um exemplo de risco que o tratamento atualmente fornecido pode causar.
Posicionamento CDD
A CDD reconhece a importância crucial de ampliar as opções de tratamento para a dermatite atópica grave, proporcionando a crianças, adultos e seus médicos uma variedade de alternativas terapêuticas eficazes. Até porque, os resultados dos estudos clínicos demonstram a eficácia e segurança dos medicamentos em questão.
Assim, comprovam o impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes, com a redução e controle da coceira, bem como outros sintomas da DA. Além disso, a CDD reforça o valor da participação social na construção de um sistema de saúde mais robusto e equitativo.
Por isso, te convidamos a participar da Consulta Pública!