12.09.2023 Saúde Mental

Ambiente corporativo ainda é nocivo para saúde mental das mulheres

Por CDD

Pesquisa mostra que mulheres apresentam um maior esgotamento mental em comparação aos homens

Em um mercado de trabalho criado por homens e para os homens, ser mulher ainda é um ato de resistência, sobretudo no quesito saúde mental. Estresse e sintomas de Síndrome de Burnout estão afastando essas mulheres profissionais dos atuais cargos. 

Uma pesquisa realizada pela Deloitte em 2022, com cinco mil mulheres em 10 países do mundo, inclusive no Brasil, revelou que 53% delas estavam com os níveis de estresse mais altos do que em 2021. Outras 46% apresentavam esgotamento em relação ao trabalho. 

É importante considerar que esse resultado surge após o período mais crítico da pandemia de covid-19, que também foi desgaste para o público feminino, já que teve de lidar com o fechamento de escolas e a convivência diária com os filhos simultaneamente às tarefas das empresas. 

O mesmo estudo da Deloitte apontou que 49% das que estão procurando outro emprego reclamam do Burnout ou esgotamento mental. Agora, por uma questão de sobrevivência psíquica, muitas mulheres buscam novas vagas em companhias que podem ser mais acolhedoras para suas próprias demandas, pois as atuais não consideram fatos que orbitam a vida pessoal delas.

Quais os principais motivos?

Além das questões do mundo corporativo, as mulheres acumulam, em uma sociedade patriarcal, funções consideradas ‘invisíveis’, como o cuidado com pessoas da família, ambientes como a casa, saúde, alimentação e afins. E esse contexto também é exaustivo.

Como historicamente as mulheres foram ensinadas a priorizarem todo mundo antes delas, a saúde física e mental são deixadas de lado por meses, quiçá, anos. Quando elas chegam ao consultório de Psicologia ou Psiquiatria, o estresse e a ansiedade já alcançaram níveis tão altos que as consequências são graves – não são raros os casos de um verdadeiro ‘apagão mental’, passando por um sentimento de paralisia até tentativas de suicídio. 

Medicamentos de saúde mental não são baratos e, sem ajuda de custo do governo, pois muitos não são oferecidos pelo SUS, algumas pessoas precisam escolher entre pagar o ansiolítico ou sessões de psicoterapia. Do ponto de vista da eficácia do tratamento em alguns casos, não dá para abrir mão de nenhum deles.

A pressão econômica também afeta a saúde mental das mulheres no mercado de trabalho. Muitas são mães solo e, por vezes, a única fonte de renda da família. Com isso, aguentam situações de humilhação e assédio moral que poderiam ser evitadas, caso tivessem a possibilidade de abandonar o emprego. 

Para evitar o colapso do mercado de trabalho para elas, além de políticas públicas que consigam dar conta das demandas de saúde mental, as empresas precisam adotar medidas mais eficazes de acolhimento para elas, flexibilizando horários, dando alternativas para que possam desempenhar suas funções de forma plena e reconhecimento da sua força de trabalho.

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