21.07.2025 Dermatite Atópica

Artigo | A revolução no cuidado à Dermatite Atópica: Por que a atualização do PCDT no SUS é urgente e transformadora.

Por CDD

A Consulta Pública 57/2025: Um marco para a Dermatite Atópica no SUS

A Consulta Pública CONITEC/SECTICS nº 57/2025 representa um momento crucial para milhares de brasileiros que convivem com a Dermatite Atópica (DA). O objetivo é atualizar o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da doença, incorporando novas tecnologias e refinando as abordagens de tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). Para a CDD (Crônicos do Dia a Dia), e para a comunidade de pacientes e profissionais de saúde, este é um passo fundamental para garantir um cuidado mais eficaz, humanizado e alinhado aos avanços científicos globais.

Compreendendo a Dermatite Atópica: O “fardo” da coceira crônica

A Dermatite Atópica é uma doença inflamatória crônica da pele, não contagiosa, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracteriza-se por lesões eczematosas (vermelhidão, inchaço, vesículas, descamação, crostas) e, principalmente, um prurido (coceira) intenso e persistente. Conforme explicado pela Dra. Mara Giavina Bianchi na live da CDD, a DA pode manifestar-se em diversas localizações do corpo, do couro cabeludo aos pés, e as lesões variam de bolhas d’água a áreas espessas e endurecidas, semelhantes a “couro de crocodilo”.

A prevalência da DA é alta, especialmente na infância, afetando até 20% das crianças e cerca de 1% a 3% dos adultos. Embora a maioria dos casos seja leve, uma parcela significativa (30% dos casos) apresenta formas moderadas a graves, que impactam drasticamente a qualidade de vida.

O Dr. Guilherme Muzi destaca que a DA impõe um “fardo” muito grande aos pacientes e suas famílias. A coceira, principal sintoma, é “debilitante”, interferindo no sono, no aprendizado (com crianças sendo erroneamente diagnosticadas com TDAH), na socialização (devido ao bullying) e na vida profissional. Para o Dr. Muzi, “não é porque uma doença é localizada que ela não é grave”, ressaltando que o sofrimento vai muito além da pele. A doença pode levar a infecções secundárias recorrentes, problemas oftalmológicos e distúrbios psicológicos como ansiedade e depressão, reforçando a necessidade de um cuidado abrangente.

O diagnóstico da DA é essencialmente clínico, baseado na história do paciente e na aparência das lesões. Critérios internacionais baseados em evidências são utilizados para auxiliar no diagnóstico e classificar a gravidade (leve, moderada, grave), o que orienta a abordagem terapêutica.

O que a atualização do PCDT propõe: Um salto na abordagem terapêutica.

O novo PCDT busca oferecer um tratamento mais completo e eficaz, visando reduzir sintomas, prevenir exacerbações, tratar infecções e restaurar a integridade da barreira cutânea. A proposta inclui a incorporação de medicamentos tópicos e sistêmicos, essenciais para o manejo da doença em diferentes níveis de gravidade.

Principais Incorporações e Avanços:

Além dos medicamentos, o PCDT também detalha tratamentos não medicamentosos cruciais, como o uso de hidratantes e emolientes, banhos adequados, fototerapia, coberturas (bandagens) e terapias de reversão de hábitos. A importância do aconselhamento psicossomático, psicoterapia e educação do paciente e seus familiares é igualmente enfatizada para o manejo integral da doença.

A importância da atualização: Uma nova era de “finais felizes”

Para a comunidade médica e de pacientes, a atualização deste PCDT é um marco. A Dra. Mara Giavina Bianchi, com mais de 30 anos de experiência em dermatologia, recorda um passado em que “a vontade que dava era chorar junto com o paciente” devido à falta de recursos eficazes para casos graves. Ela descreve a introdução de medicamentos como o dupilumabe como “revolucionária”, transformando quadros “gravíssimos” em “minimamente atividade” ou até “zero”. Segundo a Dra. Mara, em seus 30 e poucos anos na área, “faz só uns oito anos que a gente consegue ter finais felizes”.

A incorporação desses medicamentos no SUS é a materialização da esperança para milhares de pacientes que, até então, tinham acesso restrito a tratamentos que realmente transformam a qualidade de vida. O Dr. Guilherme Muzi enfatiza a importância da participação popular, afirmando que “a história de vocês, a participação de vocês, tudo que vocês quiserem contar nesse momento de participação popular é imprescindível para a gente conseguir ajudar o maior número possível de pequenos humanos, crianças, adolescentes e adultos que têm dermatite atópica”.

O posicionamento da CDD: Apoio com pontos de atenção

A CDD – Crônicos do Dia a Dia – vê a atualização do PCDT de Dermatite Atópica como um avanço inquestionável e manifesta seu apoio à incorporação dos medicamentos propostos. No entanto, a CDD também levanta pontos de atenção essenciais para que o cuidado oferecido pelo SUS seja verdadeiramente integral e de excelência:

A CDD acredita que, ao incorporar esses pontos de atenção, o PCDT de Dermatite Atópica pode se tornar um documento ainda mais robusto, capaz de oferecer um tratamento que não apenas controle os sintomas da doença, mas que realmente “devolva qualidade de vida” e “reescreva histórias” para os pacientes e suas famílias no Brasil.

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