Atividades físicas ajudam a controlar sintomas de DPOC
Embora a doença pulmonar obstrutiva crônica dificulte a prática de atividades físicas, manter-se ativo com a devida orientação profissional é fundamental para o alívio dos problemas e a manutenção da saúde
À primeira vista, é comum pensar que exercícios físicos não combinam com o cotidiano de quem vive com a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Afinal, a condição promove falta de fôlego mesmo ao fazer movimentos simples, como tomar banho ou preparar uma refeição. “Uma das características da doença é a limitação ao fazer exercícios físicos”, aponta a pneumologista Rosemeri Maurici, membro da Comissão de DPOC da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
Mas, ao contrário do que se imagina, uma rotina de atividades físicas pode ser uma grande aliada na manutenção da saúde e recuperação da qualidade de vida de quem tem a doença. Os indivíduos com DPOC são menos ativos fisicamente do que adultos saudáveis, e o sedentarismo amplia os danos causados pela condição.
A DPOC é a terceira doença que mais causa mortes no mundo – segundo a Organização Mundial da Saúde, 6% das mortes em 2019 foram causadas pela condição. A doença é progressiva e seus sintomas mais prevalentes são a dispneia – falta de ar –, a tosse crônica e o encurtamento da respiração.
O principal fator de risco para a DPOC é o tabagismo. “Incentivar as pessoas a abandonar o hábito tabágico, ou a nem iniciar, é muito importante para prevenir. Para quem já tem a doença, esse estímulo também deve ser feito, porque isso melhora sua capacidade pulmonar e a sua funcionalidade”, alerta a pneumologista.
Sedentarismo piora dificuldades da DPOC
Conforme avança, a doença pode levar a comorbidades e comprometer tarefas corriqueiras, como trocar de roupa ou ficar em pé por períodos prolongados. O sedentarismo piora esse quadro ainda mais. Junto aos sintomas respiratórios, a falta de condicionamento físico pode levar à sarcopenia – diminuição da massa muscular que está associada ao envelhecimento e à ocorrência de outras doenças.
“Independentemente do grau de dificuldade, é recomendado que os pacientes sejam inseridos em programas de reabilitação e de condicionamento físico”, explica Maurici. Não há um programa generalizado de atividades físicas que sirva para todos os pacientes com DPOC – a prescrição deve ser feita de forma personalizada e acompanhada por fisioterapeutas e profissionais de educação física. Um ponto é garantir que as práticas não sejam extenuantes para não sobrecarregarem os pulmões ou o coração.
Para o paciente, vale ficar alerta para sinais de extenuação: aumento intenso da frequência cardíaca, presença de dores no peito ou nas pernas ou coloração azulada nos dedos. Se reparar nisso, suspenda a prática e converse com o profissional.
É comum que pacientes com DPOC apresentem quadros de insuficiência cardíaca e, para garantir uma rotina segura de exercícios, uma avaliação cardiovascular também merece ser feita.
“A DPOC por si só já é limitante. Quando tem outra doença associada, causa mais dificuldade ainda”, diz Maurici. Contudo, os sintomas causados pelas comorbidades associadas à DPOC também são amenizados com o esforço físico.
A manutenção da saúde física também diminui o número de exacerbações, momentos de maior gravidade da doença, e prepara o corpo para essas dificuldades.
Em pacientes com quadros mais graves, é recomendado iniciar pela reabilitação fisioterápica para depois inserir as atividades físicas na rotina.
Infelizmente, a DPOC costuma ser diagnosticada de forma tardia – uma questão que envolve falta de conscientização, tanto da população como dos profissionais de saúde.
Impacto também na saúde mental
Como os sintomas da doença estão ligados ao esforço físico, é comum que os pacientes tenham receio de exercícios. “Mas explicando para o paciente que aquilo vai ser benéfico, eles ganham confiança ao longo do tempo”, conta Maurici. E essa confiança repercute na saúde mental dos pacientes.
De acordo com a pneumologista, a DPOC frequentemente está ligada a quadros de depressão e ansiedade. “Nesse sentido, sair ao ar livre e fazer atividades em grupo é importante”, destaca. As atividades físicas também ajudam a melhorar a qualidade do sono e a autonomia, o que também aprimora a saúde mental.
“O grande objetivo é que o indivíduo se mantenha independente para os autocuidados, para que consiga tomar banho e fazer comida etc. São coisas básicas, mas para eles isso é fundamental”, reitera Maurici.