A mudança de uma estação e a Obesidade
Quando uma estação do ano te traz medo por conta do seu diagnóstico de Obesidade
Pessoas gordas sofrem de uma injustiça social, seja em qualquer estação do ano, a crença seria a de que o corpo que emagrecesse estaria não só saudável, mas digno de respeito e acessos.
No verão o aquecimento dos dias ensolarados se junta ao aquecimento de um corpo gordo, causando um desconforto que parece se resumir a uma forte fraqueza ou moleza, além da vergonha por suar demais. Poucos se atentam, mas que ar fresco é importante para a nossa respiração, de qualquer pessoa em qualquer tamanho, enquanto para pessoas gordas acaba sendo difícil e bem raro ter o ar refrigerado, o ar disponível para nossa respiração e nos sentimos sufocados.
No inverno, por mais que haja uma crença de que “gordinhos sentem menos frio”, essa não é uma verdade plena.
Podemos sentir menos frio, mas há partes do corpo mais sensíveis onde o frio até dói, já se sabe que no diagnóstico de obesidade existem maiores problemas com articulações e, assim, o frio e a falta de atividade física podem agravar angústias que já eram recorrentes no dia a dia.
Mas se você tem obesidade, ou se você conhece alguém com obesidade, que tal refletir sobre pontos importantes que nos faltam no inverno?
- Movimento – será preciso encontrar maneiras de se alongar e se movimentar. No inverno, qualquer pessoa de qualquer tamanho e idade sente menos disposição para se movimentar. No caso da obesidade, será mais complicado, pois a pessoa provavelmente não terá roupas adequadas para esse fim, o que aumentará ainda mais o seu isolamento.
Conforme ressaltado por Lucas Augusto, Profissional de Educação Física com Especialização em Gestão de Academias, Medicina do Esporte e com Foco em Neurociência e Doenças Raras: “Encarar o inverno com disposição para se exercitar é um verdadeiro desafio para quem lida com a obesidade. O frio muitas vezes nos faz querer ficar debaixo das cobertas, e aquela motivação para se movimentar parece diminuir diante das roupas pesadas e desconfortáveis. O excesso de peso por si só já traz obstáculos, tornando alguns exercícios mais complicados e preocupantes para nossas articulações e capacidade respiratória. Essas barreiras todas juntas acabam nos levando para um caminho mais sedentário, o que, ironicamente, piora ainda mais os desafios que já enfrentamos em relação à saúde”, explica Lucas.
No entanto, é importante lembrar que não é necessário limitar-se ao ambiente das academias para cuidar da saúde. Segundo Lucas, existem alternativas incríveis para manter-se ativo durante o inverno. Elas podem ser facilmente incorporadas ao dia a dia, no conforto do lar. Ele enfatiza a prática de exercícios de baixo impacto, como caminhadas dentro de casa, danças suaves, aulas de pilates e sessões de ioga, que permitem que cada movimento seja ajustado ao corpo, independentemente do tamanho da pessoa.
“E se pensarmos em adicionar um toque de diversidade, contar com equipamentos simples, como faixas de resistência, halteres leves ou bolas de exercício, pode trazer um novo ânimo aos treinos. A chave é focar em exercícios que fortaleçam aqueles músculos que nos sustentam, melhorem nossa flexibilidade e promovam uma melhor circulação. E claro, busque sempre orientação de um profissional de Educação Física capacitado”, conclui Augusto.
- Roupas – ações para auxiliar pessoas com obesidade são fundamentais. Vemos de forma recorrente doações de roupas de inverno, mas poucos pensam no quão difícil se torna encontrar roupas maiores a preços acessíveis para o frio. Atualmente, há mais opções de roupas em tamanhos extras, mas ainda assim outros fatores impedem as pessoas com obesidade de adquiri-las.
- Acessos – pessoas com obesidade são prejudicadas em diversos acessos, seja de estudo, trabalho, avanço na carreira, entre outros. O tema ainda é pouco explorado, mas já é apontado há bastante tempo que a obesidade pode estar relacionada a pobreza e empobrecimento, ou seja, quem está em faixas de pobreza terá maiores chances de desenvolver obesidade e quem estiver em classes mais elevadas poderá empobrecer por conta da obesidade. Com isso, a qualidade da alimentação, do estilo de vida e da vida de forma geral da pessoa com obesidade é reduzida.
- Alimentação – quem não sente aquela fome atrelada a uma bela TV e uma cobertinha das mais confortáveis? Pois é, lembre-se que no nosso caso, comer não precisa ser vergonha, culpa ou sofrimento, pode ser criatividade, inovação e descoberta.
Pense nos vegetais e crie com eles receitas que podem auxiliar você a saciar seu desejo de petiscar e ainda de quebra somar muitos nutrientes ao seu corpo alimentar (adoro rimar). Por exemplo, uma air-fryer e grãos do tipo feijão, grão-de-bico, panquecas com vegetais, como repolho e brócolis, que enroladas podem se tornar canudinhos bem saborosos. Aproveite canais veganos e vegetarianos para buscar inspirações.
- Da cabeça aos pés – Sabemos que o inverno pode deixar qualquer um mais sozinho, mais isolado, mas o que pouca gente sabe é que na obesidade muitas vezes o ambiente familiar é violento, e o inverno te leva a ficar preso e buscar refúgio o tempo inteiro dentro da própria casa. É preciso que tais pacientes sejam fortes, muitas vezes eles precisariam de auxílio de grupos e atendimentos com suporte psicológico, não é justo, mas cuidar do bem-estar mental seria a única forma de conseguirem ter estabilidade para lidarem com a vida e os próprios desafios para conseguirem a independência e um pouco de liberdade e compaixão.
E se você gosta de alguém que vive com o diagnóstico de obesidade, dê apoio falando de outras coisas, fazendo atividades que proporcionem distração e alegria.
Rir é um bom suplemento para o bem-estar
Mas ei, fala comigo, no meu e-mail erick.luiz@cdd.org.br, você pode sugerir, pedir, falar, enfim, o que for.
Mais do que conversar, vamos juntas pensar em lutar?
Beijo grande,
Erick Cuzziol