05.09.2025 Enxaqueca

Enxaqueca: quando a dor de cabeça se torna uma questão de saúde pública

Por CDD

A enxaqueca não é apenas uma “dor de cabeça forte”. Trata-se de uma doença neurológica crônica e incapacitante, que afeta milhões de brasileiros e está entre as condições de maior impacto na qualidade de vida no mundo. Mesmo assim, continua sendo uma das doenças mais subdiagnosticadas e subtratadas, marcada por estigmas e pela banalização da dor.

No Brasil, dados do Ministério da Saúde estimam que cerca de 30 milhões de pessoas convivem com enxaqueca, representando aproximadamente 15% da população. Apesar de sua alta prevalência, o estigma e a desinformação ainda fazem com que muitos pacientes tenham sua dor banalizada, atrasando o diagnóstico e o acesso ao tratamento adequado.

Reconhecendo a enxaqueca

Os sintomas da enxaqueca vão muito além da dor latejante.
Entre os sinais mais comuns estão:

Esses sintomas comprometem atividades diárias, produtividade e até relações pessoais. Segundo o Ministério da Saúde, a enxaqueca é uma das principais causas de presenteísmo e afastamentos no trabalho, com impacto direto na economia e na qualidade de vida.

O impacto invisível

A enxaqueca é mais frequente em mulheres entre 30 e 50 anos, faixa etária de maior produtividade profissional e acadêmica. Isso significa que, além da dor física, a doença traz um forte impacto social: mulheres que precisam conciliar carreira, estudos, maternidade e vida pessoal veem sua rotina interrompida por crises recorrentes.

De acordo com estudos publicados pela Biblioteca Virtual em Saúde (BVS/MS), pessoas com enxaqueca apresentam maior risco de desenvolver ansiedade e depressão, reforçando a importância de integrar saúde mental ao cuidado.

Enxaqueca Crônica

Entre as diferentes formas da doença, a enxaqueca crônica é considerada a mais incapacitante. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), ela é definida pela ocorrência de 15 ou mais dias de dor de cabeça por mês, durante pelo menos três meses, dos quais oito dias ou mais apresentam características típicas de enxaqueca. Essa frequência intensa compromete de forma significativa a vida social, profissional e pessoal do paciente, além de estar frequentemente associada a ansiedade, depressão e uso excessivo de medicação.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da enxaqueca é clínico, feito por meio da avaliação dos sintomas pelo médico — geralmente neurologista. Não existe um exame específico para confirmá-la, o que contribui para o atraso na identificação correta.

O tratamento combina:

Segundo o Ministério da Saúde, o acesso a terapias modernas ainda é limitado, mas fundamental para os pacientes que não respondem aos tratamentos tradicionais.

Por que falar sobre isso importa?

Silenciar a enxaqueca significa invisibilizar milhões de pessoas. Dar visibilidade à doença é o primeiro passo para:

Conclusão

A enxaqueca não é frescura, exagero ou apenas uma dor de cabeça. É uma condição neurológica grave, crônica e incapacitante, que precisa ser reconhecida e tratada com seriedade.

O futuro dos pacientes com enxaqueca depende de informação de qualidade, acesso a tratamentos modernos e acolhimento. Porque viver com enxaqueca não deveria significar viver limitado.

Informação é cuidado. Conscientização é inclusão.

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