12.09.2023 Saúde Mental

Estudo revela alarmante número de suicídio entre mulheres no Nordeste em meio à pandemia

Estudo divulgado pela Fiocruz mostra que houve um aumento excessivo de suicídio entre mulheres com 60 anos no Nordeste

Prestes a completar 10 anos de campanha do Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, um estudo, divulgado pela Fiocruz com base no banco de dados oficial de mortalidade do Ministério da Saúde do Brasil, revela uma das faces mais assustadoras da pandemia de covid-19. Entre os meses de julho e outubro de 2021, registrou-se o alarmante excesso de suicídios de 83% entre mulheres com 60 anos de idade no Nordeste.

A pesquisa, que será publicada no ‘International Journal of Social Psychiatry’, aponta, também, que o segundo ano da pandemia, de março de 2021 a fevereiro de 2022, houve 28% de suicídios além do esperado em mulheres com mais de 60 anos na região Sudeste. No Norte, esse índice chegou a 32% em mulheres entre 30 e 59 anos, e 61% nessa mesma faixa etária no Nordeste. 

O artigo ‘Excesso de suicídios no Brasil nos dois primeiros anos da pandemia de covid-19: desigualdades de gênero, regionais e de faixas etárias‘ foi realizado por Jesem Orellana, epidemiologista e chefe do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia, do Instituto Leônicas & Maria Deane, da Fiocruz Amazônia, o psiquiatra Maximiliano Ponte, da Fiocruz Ceará, e o pesquisador sênior da Fiocruz Amazônia, Bernardo Lessa Horta.

Esses estudos são muito importantes, na medida em que, ao longo da crise sanitária mundial, percebemos, de forma empírica nos consultórios de Psicologia e Psiquiatria, o aumento de casos de ansiedade e depressão – esta última uma das principais comorbidades associadas ao suicídio. 

Mas o que chama atenção é o alto índice entre as mulheres, que ficaram ainda mais sobrecarregadas, seja estando em quarentena, tendo de lidar com as inúmeras tarefas exaustivas, ou tendo de trabalhar presencialmente para garantir o emprego, logo, a subsistência.

Ter o conhecimento deste resultado é, no mínimo, ‘indigesto’. Sobretudo porque até agora, em pleno setembro de 2023, não há políticas públicas nacionais para dar conta da saúde mental dessas mulheres, que seguem com quadros psíquicos graves mesmo após o fim da emergência sanitária, decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Até quando elas serão deixadas de lado?

Compartilhe

Leia Também