09.06.2022 Saúde Pública

Brasil registra, nos primeiros três meses do ano, mais da metade de todos os casos de gripe notificados em 2021

Aumento preocupante pode ter relação com baixa cobertura vacinal e flexibilização de regras sanitárias contra Covid-19.

Os números de casos de influenza notificados nos primeiros três meses de 2022 são preocupantes. Isso porque, de acordo com dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) do Ministério da Saúde, foram registrados 5.686 casos confirmados por exames laboratoriais apenas entre janeiro e março deste ano. Em todo 2021, do início até dezembro, foram notificados 10.005 casos.

Algumas variáveis precisam ser levadas em consideração. Agora, as medidas de segurança contra o coronavírus foram flexibilizadas em todo o País, com a não obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados, por exemplo.

Além disso, muitas pessoas não foram imunizadas contra o H3N2, como lembra o pneumologista pediátrico do Hospital da Santa Casa de Porto Alegre Paulo Pitrez: “A propagação da influenza este ano pode ter relação com a baixa cobertura vacinal contra a gripe e com a flexibilização das medidas de restrição e prevenção adotadas contra a covid-19. O Brasil possui vacinas que protegem contra o vírus Influenza A e B, incluindo a variante H3N2”.

A gripe, como é chamada popularmente, tem gerado surtos regionais pelo Brasil impulsionada pela introdução de uma nova cepa do subtipo A (H3N2), batizada de Darwin. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente são conhecidos três tipos de vírus influenza: A, B e C. Os dois primeiros são mais propícios a provocar epidemias sazonais em diversas localidades do mundo, enquanto o último costuma provocar alguns casos mais leves.

“Não há diferença específica de sintomas entre as variantes de influenza. Os sinais são, em frequência e combinação variáveis: febre alta, dor de garganta, calafrios, perda de apetite, irritação nos olhos, vômito, dores articulares, tosse, mal-estar e diarréia, principalmente em crianças”, afirma Pitrez. O médico acrescenta que não há como diferenciar de covid-19 dos tipos de influenza somente pelos sintomas.

Segundo o pneumologista pediátrico, pacientes com doenças crônicas têm mais chances de evoluírem para casos graves de H3N2 assim como pessoas que tenham outras comorbidades, além das crianças menores de 5 anos, idosos, gestantes e população indígena.

A recomendação, ao aparecerem os sintomas, é que se procure atendimento médico logo no início. Como prevenção, ser imunizado com a vacina da gripe, seja pelo Sistema Único de Saúde ou pela rede privada, ainda é o melhor caminho.

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