Consulta pública sobre atualização do PCDT de Asma vai até 15 de junho
Pessoas que convivem com a condição, associações e profissionais de saúde podem fazer sugestões para atualização do Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Asma
Atender a multiplicidade de características dos diagnósticos de Asma é um grande desafio. A última atualização do Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para a patologia ocorreu há praticamente 8 anos. “O primeiro PCDT foi elaborado em 2010 e a última atualização foi em 2013. E nesse meio tempo o tratamento da Asma evoluiu muito, especialmente no conhecimento em relação à fisiopatologia e na possibilidade de aplicar medicações de tratamentos com imunobiológicos direcionados a inflamação própria da Asma, que a gente chama de inflamação t2. Isso faz com que a pessoa, sobretudo com Asma Grave, que precisa de muito remédio, consiga ter uma vida com menos exacerbações e usando menos corticóide, especialmente o sistêmico, que carrega no uso muitos efeitos colaterais, prejudicando a qualidade de vida”, afirma Fred Fernandes, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.
O pneumologista da SPPT ressalta que a atualização do protocolo, que está em consulta pública, é um passo importante para incorporar novos tratamentos e tecnologias ao tratamento desta doença que, apesar de ser completamente tratável, ainda mata cerca de 7 indivíduos por dia no Brasil: “Ele é visto com bons olhos e todos os profissionais de saúde e gestores que atuam em medicina respiratória devem consultar esse PCDT e participar da consulta pública para que o documento saia alinhado com o que a gente entende que é o melhor cuidado possível para pacientes asmáticos no país”.
A presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Irma de Godoy, concorda e enfatiza que as pessoas com quadros mais graves serão beneficiados com a atualização do documento. “Com a inclusão dos imunobiológicos para o tratamento, diminuímos a dificuldade no acesso aos pacientes do SUS, o que considero um avanço, e implica a disponibilidade de medicamentos no particular e rede pública. Mas, mais importante do que isso, a atualização significa uma mudança essencial para os pacientes de Asma Grave, que têm uma qualidade de vida muito comprometida com a falta dos medicamentos. Na ausência dos medicamentos no PCDT, eles tinham que usar altas doses de corticóides via oral, com efeitos importantes colaterais”, conclui.
O pneumologista Rafael Stelmach trabalha há 25 anos ajudando a incluir medicamentos para Asma no Brasil e está satisfeito com a nova proposta para o PCDT. “Não existia isso em 1995, quando a gente começou na minha instituição e agora a gente tem um protocolo que é universal”, comemora o presidente da Fundação ProAr.
Ele conta que o novo documento reuniu a colaboração de especialistas em pneumologia, alergistas e associações médicas. “Um documento importante, absolutamente atual em relação ao que acontece no mundo. Acho que não está restrito a questão do imunobiológico, a inclusão do mepolizumab e do omalizumab. As indústrias farmacêuticas estão comemorando a entrada desses medicamentos, o que é importante, mas não é o mais importante. Os pacientes que precisam de imunobiológico estão entre 3% e 5%. Mas a gente tem aqui um PCDT que atende todos os tipos de pacientes dentro da melhor informação baseada em evidências”, ressalta Stelmach, que espera que a sociedade faça contribuições na consulta pública, que vai até o dia 15 de junho, no site da Conitec.
Os membros da Conitec presentes na 5ª reunião extraordinária do plenário, realizada nos dias 12 e 13 de maio de 2021, deliberaram para que o tema fosse submetido à consulta pública com recomendação preliminar favorável à publicação da atualização deste Protocolo.
A presidente da Associação Brasileira de Asmáticos (ABRA-SP), Zuleid Mattar, considera que é preciso pensar na diversidade desses diagnósticos, dos graves aos mais leves. “O asmático leve muitas vezes tem o medicamento mas não tem na apresentação necessária. Por exemplo, nós temos corticóides inalados associados ao broncodilatador que é uma ferramenta de grande utilidade e fundamental no tratamento, mas nós só temos esse medicamento na forma de cápsula. Um medicamento que depende da incursão respiratória do paciente e muitos não têm força para inspirar e expirar esse tipo de remédio”, diz.
A médica sugere que seja disponibilizada uma apresentação em spray da medicação: “E isso não foi contemplado nesse PCDT. Nós precisaríamos também de um broncodilatador de longa ação (LAMA), que pode ser utilizado por crianças acima de 6 anos, adultos e para quem tem DPOC, e também não foi contemplado. E é muito importante porque, entre a etapa 5 e a 4 do tratamento, antes de passarmos para os imunobiológicos, nós precisamos utilizar esse medicamento”, alerta a presidente da ABRA-SP.
Melhorar a qualidade de vida de quem convive com Asma é possível com o engajamento da sociedade e mais sugestões importantes, como as citadas por Zuleid Mattar. Participe e dê a sua contribuição para a atualização do novo Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para Asma no Brasil.
Saiba como participar da consulta pública
A consulta pública voltada para a atualização do PCDT de Asma vai até o dia 15 de junho.
A Conitec recebe contribuições e opiniões de toda a sociedade, que pode concordar ou não com o parecer da comissão. Para dar opinião sobre o assunto acesse o portal da Conitec.
Confira 6 passos para entender o que é uma consulta pública
AVALIAÇÃO: Após extenso e qualificado diálogo com pacientes, médicos especialistas, sociedades médicas e outras associações de pacientes, a CDD declara concordar com o escopo de atualização do PCDT, capaz de atender boa parte das pessoas com Asma e Asma Grave no Brasil, entretanto ainda há espaço para melhoria, o que possibilitaria atender ainda mais pessoas com o diagnóstico no Brasil.