Consulta pública sobre incorporação de Dupilumabe para Asma Eosinofílica grave vai até dia 16 de fevereiro
Após a participação popular, a ANS pode incorporar esse medicamento em uma lista de procedimentos que devem obrigatoriamente ser cobertos pelos planos de saúde. Veja o que acham médicos, associações e a AME/CDD
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) abriu uma consulta pública com o objetivo de incorporar quatro medicamentos no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar – uma lista que contempla procedimentos que devem ser cobertos obrigatoriamente pelos planos de saúde. Entre eles está o dupilumabe, medicamento que seria incorporado para a asma eosinofílica grave.
Este é o momento em que a sociedade pode participar sinalizando se concorda ou discorda com a recomendação preliminar da ANS, que é favorável. As contribuições e sugestões poderão ser enviadas até o dia 16 de fevereiro. Pra participar, clique aqui.
“É de fundamental importância a incorporação desse outro imunobiológico no rol de medicamentos para asma grave. Trata-se de uma doença que atinge em torno de 5% das pessoas com essa condição”, afirma Zuleid Mattar, diretora de Políticas Governamentais e Relações Internacionais da Associação Brasileira de Asmáticos (ABRA-SP). Ela explica que os indivíduos com a forma mais grave da doença precisam utilizar altas doses de outros medicamentos, como corticoides inalatórios ou orais e broncodilatadores de longa ação ou anti muscarínicos. “Esse uso intenso pode levar a efeitos colaterais graves, como osteoporose, obesidade, insuficiência renal, Síndrome de Cushing, problemas na pele, alterações psiquiátricas, hipertensão”, explica a pediatra. Segundo ela, o dupilumabe diminuiria a necessidade de doses elevadas de outros fármacos.
O pneumologista Rodrigo Athanazio, da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia de São Paulo, acrescenta que o dupilumabe possui uma ação positiva contra a dermatite atópica, condição que afeta a pele e é especialmente comum entre pessoas com asma. “Se tiver asma junto com dermatite atopica, a pessoa se beneficia mais. Ele acaba sendo mais uma ferramenta para poder escolher o melhor caminho para o indivíduo”.
O especialista ressalta que a incorporação do medicamento atende as necessidades de complementação de tratamentos diversos exigidos pelas especificidades do quadro clínico, possibilitando melhor qualidade de vida. “É importante que esses medicamentos sejam incorporados porque nós temos, mesmo entre os asmáticos graves, vários perfis diferentes. Nós precisamos nos mobilizar para que ele seja incorporado pela ANS, com os convênios, e também no rol de medicamentos na Conitec, do SUS. São pacientes que sofrem muito, para os quais este medicamento pode ser a diferença entre viver e morrer”, conclui Zuleid Mattar.
Em suas considerações finais durante a primeira reunião técnica do COSAÚDE, a Sanofi – empresa proponente, salientou que o medicamento “possui mecanismo de ação diferenciado dos imunobiológicos já incorporados, complementando o arsenal terapêutico e possibilitando o tratamento individualizado para médicos e pacientes. […] E é efetivo no controle da doença, na redução de uso de corticosteroides orais e apresentou melhora significativa da função pulmonar, possui adequado perfil de segurança […] É mais uma alternativa terapêutica para médicos e pacientes, aumentando a competitividade e a autorregulação do mercado.”
O que analisou o conselho científico da CDD
O dupilumabe é mais um medicamento imunológico específico aplicado através de seringas ou similares, e não é destinado apenas contra a asma eosinofílica grave.
“Ele não é muito diferente do mepolizumabe ou do omalizumabe. Mas tem uma característica sua, que é efetivamente a ação sobre dois alvos da asma. Esses imunobiológicos são direcionados para determinados alvos, fundamentalmente relacionados a células ou moléculas atreladas aos processos inflamatórios alérgicos. E o dupilumabe tem um pouco mais de abrangência”, explica o pneumologista Rafael Stelmach, do conselho científico da CDD e presidente da Fundação ProAr. Ou seja, ele inibe a asma alérgica e também a eosinofílica de maneira mais ampla.
O especialista ressalta que a escolha pelo medicamento depende de uma série de características: “É necessário que as pessoas que trabalhem com a asma vejam qual dos três imunobiológicos é melhor para o paciente, lembrando que as respostas serão diferentes”.
Confira 6 passos para entender o que é uma consulta pública
AVALIAÇÃO DA ANS: Em caráter preliminar, a Agência Nacional de Saúde Suplementar informa ser favorável à incorporação do medicamento dupilumabe para o tratamento de asma eosinofílica grave.
POSICIONAMENTO DA CDD: Com base nos argumentos apresentados, a CDD se posiciona de maneira favorável à incorporação do medicamento dupilumabe no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar da ANS, por aumentar as opções de tratamento comprovadamente eficazes e com bom perfil de segurança para casos graves de asma, que exigem personalização de acordo com cada perfil.