Esquizofrenia: quais alterações cognitivas são esperadas?
Além disso, saiba como o Recovery pode ajudar a melhorar a qualidade de vida dos pacientes com Esquizofrenia
A Organização Mundial de Saúde estima que a esquizofrenia seja a terceira causa de perda da qualidade de vida, entre os 15 e 44 anos. O Brasil tem 1,6 milhão de pessoas que vivem atualmente com a condição, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Mais da metade dessas pessoas não realiza tratamento.
As alterações cognitivas são características centrais na esquizofrenia e estão diretamente ligadas a prejuízo funcional dos pacientes. A deterioração da memória e atenção são as principais causas da sensação de incapacidade. “Os aspectos cognitivos mais comprometidos na esquizofrenia são a memória, linguagem, pensamento abstrato e muitos desses são sintomas negativos, onde falta alguma coisa. São déficits de comunicação, sociais, motivacionais e tudo isso muito em função da sequela que a doença psiquiátrica e inflamatória proporciona. Ela atinge o cérebro, principalmente nos primeiros cinco anos”, explica o psiquiatra Rafael Moreno, especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria e mestre e doutor em Medicina pela PUC do Rio Grande do Sul.
O especialista esclarece que há uma mudança, inclusive na arquitetura cerebral: “Principalmente com o alagamento ventricular depois do quadro de esquizofrenia, com atrofia cortical, que é responsável pela cognição. E isso não melhora, muitas vezes, com o tratamento. É um grande desafio tratar os sintomas neurocognitivos”. Ele acrescenta que alguns medicamentos podem comprometer também a cognição, mas o tratamento é imprescindível.
Uma terapia complementar e ainda pouco conhecida no Brasil é o Recovery, uma técnica que pretende quebrar estigmas sobre a doença. José Alberto Orsi, diretor-presidente da ABRE – Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Pessoas com Esquizofrenia, explica que o conceito coloca o paciente como agente de mudança da própria vida. Além de ter esquizofrenia, ele é engenheiro civil e doutorando em Saúde Mental no Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e cofundador da Rede Recovery Brasil. “O diagnóstico de transtorno mental precisa ser acompanhado de um tratamento de recomposição da vida dessa pessoa, porque o diagnóstico da doença praticamente destrói o dia a dia. O paciente perde emprego, relacionamento afetivo e tudo o mais, então precisa começar a vida do zero. O ideal é que a prática do Recovery fosse oferecida ao mesmo tempo que o diagnóstico. Infelizmente no Brasil isso ainda está ‘engatinhando’, pois os profissionais de saúde mental ainda desconhecem a técnica”, conclui.
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