Estados Unidos aprovam novo tratamento para a psoríase em placas
O medicamento deucravacitinibe vem no formato de comprimido, que é de adesão mais fácil para pacientes com psoríase. E tem potencial mesmo entre indivíduos que não respondem bem a outras opções.
Um novo remédio pode mudar o tratamento da forma mais comum da psoríase em placas – especialmente naqueles pacientes que não respondem bem às terapias atuais. O deucravacitinibe foi recentemente aprovado pela FDA, a agência americana de controle dos remédios e medicamentos (equivalente à Anvisa do Brasil). Vendido pelo nome comercial Sotyktu, o medicamento chega em forma de comprimido, o que facilita sua adesão. Por enquanto, ainda não há previsão da sua chegada ao Brasil.
A psoríase é uma doença inflamatória originada por um distúrbio no sistema imune. Isso causa uma proliferação exagerada das células da pele, que se acumulam e formam placas. Esse processo é normalmente inibido com medicamentos bloqueadores das interleucinas – as interleucinas são substâncias inflamatórias que estimulam a multiplicação celular excessiva.
“O novo tratamento impede a comunicação entre essas substâncias e as células da pele”, explica Clarissa Prati, vice-presidente da seção da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Rio Grande do Sul (SBD-RS).
Segundo Prati, cerca de 60% dos pacientes que utilizaram a medicação no estudo clínico tiveram uma melhora de 75%, em comparação com o início do tratamento.
Outra vantagem é sua forma de administração. “Os imunobiológicos, de forma geral, são aplicados na barriga ou na veia por meio de injeções. Mas esse é um comprimido para ser ingerido uma vez ao dia, o que facilita sua adoção”, afirma Prati.
O novo remédio ainda não foi comparado com os tratamentos injetáveis, apenas com placebo e com outro comprimido de indicação semelhante. Mas, segundo Prati, é possível afirmar que o Sotyktu tem ação similar aos medicamentos mais modernos disponíveis.
Os efeitos adversos também são parecidos. “Alguns remédios já disponíveis aumentam o risco de infecções bacterianas. O Sotyktu aumenta o de infecções virais”, explica a médica. É que, ao inibir o sistema imunológico para evitar os sintomas da psoríase, a nova droga pode, como consequência, fragilizar a defesa do corpo contra os vírus.
Daí porque, nessa turma, a indicação de manter as vacinas em dia é especialmente importante. “Não iremos deixar de usar remédios por causa de seus potenciais efeitos adversos; apenas adotamos precauções para que o paciente tenha o menor risco possível de complicações”, pondera.
Um dos apelos da nova opção é sua eficácia mesmo quando outros medicamentos disponíveis não funcionam. “Grande parte dos pacientes responde bem às alternativas que já temos. Mas acontece, em alguns casos, uma resposta parcial ou a perda de resposta com o passar do tempo”, alerta Prati. Aí a pessoa pode passar para o deucravacitinibe e seguir com a doença sob controle.
A nova droga está em análise no Brasil pela Anvisa – e, mesmo se for aprovada, pode demorar até chegar às farmácias. O apremilast, um fármaco contra a artrite psoriásica aprovado pela FDA em 2014, recebeu o aval da Anvisa somente em 2018. De acordo com Prati, ele ainda não está disponível para compra no país.
A dermatologista, no entanto, pondera que o fato de um tratamento ser novo não significa que ele seja sempre o melhor. “As moléculas novas são importantes para os perfis que não respondem às anteriores ou apresentam contraindicações. Mas antes de procurar o tratamento mais recente, é preciso avaliar o atual. Muitas vezes, ele apenas não está sendo seguido conforme o consenso médico”, conclui Prati.