Estágios da DPOC: identificação, sintomas de alerta e prevenção
Estágios da DPOC: como identificar, sintomas de alerta e prevenção da progressão
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição respiratória séria que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo a terceira principal causa de morte globalmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Obstruindo progressivamente as vias aéreas, a DPOC dificulta a respiração e pode levar a complicações graves como, por exemplo, insuficiência respiratória, doenças cardíacas e pneumonia. No entanto, com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, é possível controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e prevenir o avanço da doença.
Estágios da DPOC e seus impactos
A DPOC é classificada em diferentes estágios de acordo com a gravidade da obstrução do fluxo aéreo, medida através do exame de espirometria. Mas, de acordo com o sistema de classificação GOLD (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease), que é referência mundial, a DPOC tem quatro estágios:
- GOLD 1 (Leve): O VEF1 (Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo) é maior ou igual a 80% do previsto. Então, a função pulmonar está levemente comprometida. Nesse cenário, o paciente pode apresentar tosse e produção de catarro, especialmente pela manhã. Muitas vezes, os sintomas são ignorados ou atribuídos ao “cigarro” ou ao envelhecimento;
- GOLD 2 (Moderado): O VEF1 está entre 50% e 79% do previsto. Logo, a função pulmonar está moderadamente comprometida. O paciente pode apresentar falta de ar durante atividades físicas, como subir escadas ou caminhar mais rápido, limitando, assim, a sua capacidade de realizar tarefas do dia a dia;
- GOLD 3 (Grave): O VEF1 está entre 30% e 49% do previsto. Portanto, a função pulmonar está gravemente comprometida. O paciente pode apresentar falta de ar mesmo em repouso, além de fadiga, tosse persistente e infecções respiratórias frequentes, como bronquite e pneumonia, que podem levar a hospitalizações. Ou seja, a qualidade de vida é significativamente afetada;
- GOLD 4 (Muito Grave): O VEF1 é menor que 30% do previsto ou menor que 50% com a presença de insuficiência respiratória. Por isso, a função pulmonar está extremamente comprometida. O paciente pode apresentar falta de ar intensa, cianose (coloração azulada da pele), inchaço nas pernas e pés, além de episódios de exacerbação que podem ser fatais.
Sintomas de alerta
É fundamental estar atento aos sintomas da DPOC para buscar ajuda médica o mais cedo possível. Os sintomas mais comuns incluem:
- Tosse persistente: A tosse crônica, com ou sem produção de catarro (muco), especialmente pela manhã, é um dos primeiros sinais de DPOC. Além disso, a cor do catarro pode variar de transparente a amarelado ou esverdeado, indicando possível infecção;
- Falta de ar (dispneia): Inicialmente, a falta de ar surge apenas durante atividades físicas. Mas, com a progressão da doença, isso pode ocorrer mesmo em repouso, o que torna tarefas simples como tomar banho ou vestir-se um desafio;
- Chiado no peito (sibilância): O chiado é um som agudo produzido pela passagem do ar pelas vias aéreas estreitadas;
- Cansaço excessivo (fadiga): A fadiga pode ser causada pelo esforço respiratório constante e pela diminuição da oxigenação do sangue;
- Infecções respiratórias frequentes: Pessoas com DPOC são mais suscetíveis a infecções como gripes, resfriados e pneumonia;
- Perda de peso inexplicável: Em estágios mais avançados, a dificuldade para respirar pode levar à perda de peso porque há aumento do gasto energético e diminuição do apetite;
- Inchaço nas pernas e pés (edema): O inchaço pode ocorrer devido à insuficiência cardíaca, uma complicação comum da DPOC.
Por isso, se você apresentar algum desses sintomas, é importante consultar um médico pneumologista. Assim, o profissional recomendará exames, como a espirometria, e poderá confirmar o diagnóstico.
Prevenção do avanço da doença
Tendo tudo isso em vista, a prevenção é crucial para evitar o avanço da DPOC, além de preservar a função pulmonar. Para tal, as medidas mais importantes incluem:
- Cessar o tabagismo: O tabagismo é a principal causa da DPOC, responsável por cerca de 80% dos casos, então parar de fumar é a medida mais eficaz para prevenir o avanço da doença e melhorar a função pulmonar. Ainda existem diversos recursos disponíveis para auxiliar na cessação do tabagismo, como, por exemplo, medicamentos, terapia e grupos de apoio;
- Evitar a exposição a poluentes: A exposição a poeira, fumaça, gases irritantes e outros poluentes ambientais e ocupacionais pode irritar as vias aéreas e piorar a DPOC. Então, utilize máscaras de proteção em ambientes com poeira ou fumaça e siga as normas de segurança no trabalho;
- Vacinação: Vacine-se anualmente contra a gripe e a pneumonia para reduzir o risco de infecções respiratórias, já que estas podem ser graves em pessoas com DPOC;
- Reabilitação pulmonar: Programas de reabilitação pulmonar, que incluem exercícios físicos, educação e suporte psicossocial, podem ajudar a melhorar a capacidade respiratória, a tolerância ao exercício e a qualidade de vida;
- Tratamento medicamentoso: O tratamento medicamentoso, que pode incluir broncodilatadores, corticosteroides e oxigenoterapia, ajuda a controlar os sintomas, prevenir exacerbações e melhorar a função pulmonar;
- Adote uma alimentação saudável: Uma dieta equilibrada, rica em frutas, verduras e legumes, contribui para fortalecer o sistema imunológico e melhorar a saúde geral;
- Pratique exercícios físicos regularmente: A prática regular de exercícios físicos, adaptados à sua capacidade, ajuda a fortalecer os músculos respiratórios, melhorar a capacidade pulmonar e a qualidade de vida.
A DPOC é uma doença crônica que exige atenção e cuidados. Ao identificar os sintomas precocemente, buscar tratamento adequado com um pneumologista e adotar medidas preventivas, é possível conviver com a doença, retardar sua progressão e ter uma boa qualidade de vida. Lembre-se: a prevenção é sempre o melhor caminho!
Referências
- FONSECA, Jéssica et al. Uso de diferentes valores de referência de força de preensão manual em indivíduos com DPOC: análise de concordância, capacidade discriminativa e principais implicações clínicas. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 48, p. e20210510, 2022.
- PAULINELLI, Karine Carvalho et al. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): uma revisão de literatura sobre a etiologia, fisiopatologia, padrões epidemiológicos e estratégias avançadas de tratamento. Brazilian Journal of Health Review, v. 7, n. 4, p. e71605-e71605, 2024.
- SOUSA, Renata Rosa et al. Terapia de alto fluxo em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): revisão de literatura. 2022.