Estudo revela que maioria das mães acredita que escola poderia facilitar acesso à vacinação infantil
Pesquisa do Instituto Locomotiva constata também que acesso à vacinação infantil ainda é precário em várias regiões do País
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva revela que a sobrecarga materna pode estar comprometendo a imunização de crianças e adolescentes em todo o Brasil. Detalhes do estudo foram divulgados na última quinta-feira, 20, durante um evento promovido pela Pfizer no Museu de Arte Moderna, no Ibirapuera, em São Paulo.
Duas mil mães de crianças de até 15 anos foram entrevistadas para investigar os motivos da baixa cobertura vacinal. Dificuldade para lembrar das datas das doses, rotina atribulada e distância das unidades de saúde são os principais obstáculos, segundo elas.
A carência de informação e o impacto das fake news também foram apontados, como ressalta a diretora médica da Pfizer, Adriana Ribeiro: “De acordo com a pesquisa, 68% das participantes dizem que já se sentiram confusas sobre a imunização dos filhos, 45% apontam falta de conhecimento a respeito do calendário vacinal e 17% declaram falta de confiança nas vacinas. As fake news atrapalham demais, por isso, recomendo a todos que busquem informações em canais confiáveis de comunicação, como sites da Sociedade Brasileira de Pediatria, por exemplo”.
Outro dado interessante da pesquisa só constata algo que as mulheres sofrem há décadas, pois mostra o quanto precisam de uma rede de apoio: 68% das entrevistadas já atrasaram ou perderam a vacinação dos filhos. Muitas também enfatizam que moram longe de unidades de imunização. Vale acrescentar que os pais não foram consultados neste estudo.
Batizado como ‘Escola: uma aliada da vacinação infantil’, o levantamento acrescenta que 51% das mães entrevistadas residem na região Norte do Brasil, com municípios com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) segundo o IPEA, e 35% delas já deixaram de imunizar os filhos por causa da distância do posto de saúde.
“Sobre a possibilidade de vacinação nas escolas, é preciso avaliar o deslocamento de profissionais para as instituições. Como fazer isso sem deixar o posto de saúde desfalcado? Para isso, é preciso que os departamentos de governo conversem e estabeleçam metas”, avaliou Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria. O médico acrescentou que é preciso considerar outras situações que contribuíram com a queda no número de vacinação infantil, como a própria pandemia de covid-19 e questões ambientais, como enchentes ou moradias em área de risco, como no caso de algumas populações mais vulneráveis.
De acordo com a pesquisa do Instituto Locomotiva, 9 em cada 10 mães acreditam que a escola poderia facilitar o acesso, 91% autorizariam seus filhos a se vacinarem na instituição de ensino, 80% das mães que se declararam negras consideram a medida ideal e 51% das mulheres que moram na região Norte disseram perder dias de trabalho para se deslocar até pontos de vacinação.
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