Exercícios físicos na prevenção e tratamento da osteoporose
Qual o papel dos exercícios físicos na prevenção e tratamento da osteoporose?
A osteoporose é uma condição de saúde que tem como característica a redução progressiva da densidade óssea e fragilidade estrutural. Dessa forma, essa condição afeta especialmente mulheres na pós-menopausa devido à queda nos níveis de estrogênio. Isso eleva o risco de fraturas e dificulta a mobilidade. Assim, também gera uma queda na qualidade de vida e aumento da necessidade de ajuda para realizar tarefas diárias.
De acordo com a OMS, estima-se que, mundialmente, cerca de 200 milhões de pessoas sofram de osteoporose. Essa é condição prevalente e preocupante entre os idosos.
Importância do exercício físico para a saúde óssea
A prática de exercícios físicos é um fator essencial para o fortalecimento ósseo e muscular, porque ajuda a mitigar os efeitos da osteoporose. De acordo com especialistas, atividades de resistência e fortalecimento são eficazes em estimular a remodelação óssea, processo pelo qual o corpo repara microlesões nos ossos, assim aumentando a densidade mineral e reduzindo o risco de fraturas.
Ou seja, exercícios de alta intensidade, com repetições de 70-80% da capacidade máxima de resistência, são especialmente benéficos nesse contexto. Esse tipo de atividade promovem uma maior mineralização óssea e fortalecimento dos músculos que suportam a estrutura esquelética. No estudo de Mello et al. (2024), observou-se que programas que incluem cinesioterapia, exercícios respiratórios, fortalecimento muscular e atividades aeróbicas impactam positivamente na qualidade de vida das idosas.
Entre os 20 participantes do estudo, houve melhorias na mobilidade e na realização de atividades básicas do cotidiano, como tomar banho e se vestir, resultando em maior independência funcional após 10 sessões de fisioterapia. Embora os ganhos tenham sido modestos, a pesquisa demonstra que a prática regular de exercícios é fundamental para a saúde física e mental de pacientes com osteoporose.
Impactos do treinamento na mobilidade, equilíbrio e qualidade de vida
A mobilidade e o equilíbrio são áreas críticas para idosas com osteoporose, pois quedas representam um risco sério de fraturas. Programas de treinamento que envolvem atividades específicas para o equilíbrio, como fortalecimento dos músculos dos membros inferiores e exercícios de sustentação de peso, são recomendados para reduzir esses riscos.
Segundo Dums (2023), estudos demonstram que programas de longa duração, com sessões distribuídas ao longo de 12 meses, são mais eficazes para melhorar a estabilidade e prevenir quedas, ao mesmo tempo em que aumentam a capacidade aeróbica e a força muscular.
Além disso, o estudo de Mello et al. (2024) utiliza o Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-20) para avaliar os efeitos do programa de exercícios em idosas frágeis com osteoporose. Este índice, que considera aspectos como mobilidade, cognição, humor e capacidade de comunicação, mostrou que, após 10 sessões de fisioterapia, houve uma leve melhora na percepção de saúde das participantes e uma redução nos sintomas de tristeza e apatia, apesar de não ter havido uma mudança estatisticamente significativa nos parâmetros do IVCF-20.
Isso sugere que o exercício pode ter um efeito positivo na qualidade de vida e no bem-estar emocional, embora resultados significativos possam demandar uma frequência e duração de sessões maior.
Programas de exercícios físicos para osteoporose: estrutura e duração
A literatura sugere que a duração e a intensidade dos programas de exercícios influenciam diretamente os resultados no tratamento da osteoporose. Em sua revisão, Dums (2023) destaca que programas com exercícios de resistência muscular e equilíbrio realizados três vezes por semana e com duração superior a 12 meses geram os maiores benefícios para a saúde óssea e muscular. Atividades com alta carga, que envolvem repetições entre 70% e 80% de 1-RM, são especialmente eficazes para aumentar a densidade óssea e a força muscular.
Adicionalmente, exercícios aeróbicos e dinâmicos, como caminhadas e sessões de alongamento, são indicados para promover a saúde cardiovascular e flexibilidade, evitando a rigidez articular e melhorando a circulação sanguínea, fatores que também impactam positivamente a osteoporose.
Mello et al. (2024) apontam que, para melhorar o desempenho funcional e a capacidade de realizar atividades do cotidiano, a prática de exercícios que envolvam dupla tarefa, como caminhar enquanto segura um objeto, pode ser benéfica para idosas com alto risco de fragilidade.
Desafios e limitações dos programas de exercícios
Apesar dos benefícios, há desafios na implementação e continuidade de programas de exercícios para a osteoporose. Estudos como o de Mello et al. (2024) indicam que 10 sessões podem não ser suficientes para promover mudanças significativas nos indicadores de saúde de idosas com osteoporose e alta vulnerabilidade. O curto período de intervenção limita os ganhos na densidade óssea e força muscular, sugerindo a necessidade de um compromisso de longo prazo com os exercícios para obter resultados substanciais.
Outro desafio é a adaptação dos programas de exercícios às condições físicas e limitações de cada paciente. Por exemplo, o uso de cargas elevadas pode não ser seguro para todos os indivíduos, especialmente para aqueles com fraturas prévias ou baixa capacidade funcional. Nesses casos, é fundamental que o programa de treinamento seja ajustado para reduzir o risco de lesões, com acompanhamento profissional para monitorar a execução e a progressão dos exercícios.
Conclusão
O exercício físico é uma ferramenta crucial no combate à osteoporose, promovendo benefícios significativos para a saúde óssea e muscular, além de melhorar a mobilidade, equilíbrio e qualidade de vida das idosas. Contudo, para alcançar resultados significativos, é necessário um programa estruturado de longa duração que combine atividades de alta intensidade com exercícios de equilíbrio e resistência. A prática regular de exercícios não apenas fortalece o sistema musculoesquelético, mas também oferece ganhos na saúde mental e autonomia, fatores essenciais para a manutenção de uma vida ativa e independente.
Referências
- Mello, A. C. M., Ribeiro, A. G., Souto, V. F., Cruz, N. S., Durães, K. S. M., Jesus, E. C. P., & Maia, L. C. (2024). Programa de exercícios na redução do impacto da osteoporose na síndrome da fragilidade. Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, 16(1), 1-8.
- Dums, W. (2023). A influência de programas de treinamento físico na aptidão física relacionados a osteoporose: uma revisão sistemática. Revista Multidisciplinar do Nordeste Mineiro, 12, 1-13.