15.08.2023 Saúde Pública

Influenza em idosos aumenta 4,5 vezes em 2023 e só 55% deles participaram da Campanha Nacional de Imunização

Além disso, conheça todas as vacinas disponíveis no Brasil atualmente para idosos

Osvaldo Augusto de Moraes e Vera Maria Silva de Moraes, ambos de 78 anos de idade, vivem na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais. Eles foram ao posto de saúde do bairro para atualizar a carteirinha vacinal. “A vacina é muito importante pra gente não ficar doente e ter qualidade de vida. Tomamos contra a febre amarela, covid-19 (a bivalente), meningite e gripe”, conta Vera. 

Ela e o marido são hipertensos. Há aproximadamente dez anos, Osvaldo foi diagnosticado com enfisema pulmonar e sabe da importância de se cuidar. Além de parar de fumar, ele mudou a rotina alimentar e começou a fazer exercícios físicos diariamente. 

Crédito: arquivo pessoal

Mas a realidade do simpático casal não é um retrato do Brasil. Isso porque dados do Ministério da Saúde revelam que, de março a maio deste ano na comparação com 2022, só 55% dos idosos foram vacinados na campanha contra a gripe. A vacina para influenza foi incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 1999.  

No mesmo período, houve um aumento de 4,5 vezes de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no País. O que mais chama atenção: 96,1% dos doentes tiveram de ser hospitalizados. “A gripe pode evoluir para uma pneumonia. Além disso, assim como a herpes zóster, predispõe derrame, infarto e trombose”, alerta Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp. 

Neste inverno, o governo disponibiliza três opções de vacinas contra a gripe: a trivalente, disponível de graça no SUS, e, na rede privada, tem a tetravalente e a efluelda, única no mercado brasileiro atualmente e que, segundo a médica, é quatro vezes mais forte para garantir maior proteção contra o vírus. “Qualquer uma delas é segura, dá uma boa proteção e é aquela que devemos tomar sempre no outono e inverno. Estamos no inverno já, mas é importante fazer porque ainda temos um período de grande exposição ao vírus da influenza, que pode levar a pessoa a internação, com quadro de pneumonia grave, precisando de UTI e respirador”, acrescenta Raquel Stucchi.

Em tempos mais frios, outra vacina importante é contra a pneumonia: “Lembrando que, na rede pública, só pessoas acima de 65 anos podem se imunizar e, em algumas cidades, precisa ter comorbidade. Mas é uma vacina que, como investimento, vale a pena. A pneumonia para idosos é muito grave. Estou falando da pneumonia provocada por uma família de bactérias chamada pneumococo”, explica a infectologista. 

Crédito: Pixabay/spencerbdavis1

Muitos idosos têm medo em relação à segurança dos imunizantes e caem em notícias falsas. “Todas as vacinas que citamos têm perfil de segurança que nos permite recomendar fortemente, porque trazem benefícios para prevenir doenças. Caso persistam as dúvidas, porque as fake news se difundem de forma muito massiva, repetitiva e a gente acaba até acreditando, procure fontes confiáveis de informação, de entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Geriatria, a Sociedade Brasileira de Imunizações, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e de Infectologia. Todas essas sociedades e especialidades médicas contém uma página de perguntas e respostas”, alerta Raquel Stucchi. 

A infectologista da Unicamp faz um apelo para que todos busquem os postos de saúde o quanto antes: “Só conseguimos chegar aos 60 anos porque tivemos a proteção das vacinas na infância até a fase adulta. Então, que a gente continue fazendo nosso papel e valorizando tudo o que a Ciência conseguiu desenvolver para que tenhamos uma vida mais saudável e evitar as infecções, pois as vacinas nos protegem”, conclui.  

Saiba quais são as principais vacinas para idosos que estão disponíveis no SUS ou rede privada

Para além dos vírus que são mais agressivos no inverno como gripe, pneumonia e covid-19, a população idosa também pode se imunizar contra outras doenças graves. Hepatite B, tétano e herpes zóster têm vacinas disponíveis no Brasil, seja no SUS ou em clínicas particulares. 

“A gente tem o reforço da antitetânica, que precisa ser feito a cada 10 anos. O tétano é frequente no idoso, principalmente relacionado a atividades de lazer, mexendo em plantas, hortas, eventualmente algum acidente, até com instrumento que esteja enferrujado. Temos duas vacinas contra o tétano no posto de saúde e, uma delas, também contra a difteria. A que está disponível nas clínicas privadas protege contra tétano, difteria e coqueluche (tosse comprida)”, ressalta a infectologista da Unicamp Raquel Stucchi.

A médica lembra que muitos idosos tiveram coqueluche na infância, mas a doença não dá proteção prolongada, então, quem teve quando criança ou há cinco anos, se puder, atualize a carteirinha de vacinação, pois é uma dose a cada 10 anos.

Outra vacina importante é a hepatite B e está disponível em todos os postos de saúde. “Recentemente, no fim do ano passado, a vacina de herpes zóster começou a ser disponibilizada na rede privada. Ela é feita em duas doses, num intervalo de três meses entre elas. A herpes zóster, popularmente chamada de cobreiro, costuma diminuir muito a qualidade de vida porque dá muita dor, aparece no ciático, na costela, o rosto fica com bolhinhas parecidas com cataporas. Essa bolhas cicatrizam em algumas semanas, mas a dor permanece por longo tempo e é quase insuportável”, acrescenta.

De acordo com a especialista, todas essas vacinas não têm nenhuma contraindicação, a não ser ter tido alguma reação grave em uma dose anterior. Confira a lista de imunizantes disponíveis para idosos no Brasil atualmente:

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