17.03.2023 Saúde Pública

Intoxicação alimentar: os tipos e as causas mais comuns no verão

Causada por água ou comida contaminada, a intoxicação alimentar provoca principalmente vômitos e diarreia. Médicos alertam para a necessidade de higienização de alimentos e expansão das estruturas de saneamento básico nas cidades

Por Fernanda Simoneto, da Redação AME/CDD

Os primeiros meses do ano costumam ser de aumento no número de casos de intoxicação alimentar. O calor do verão, somado à carência de saneamento básico nas cidades brasileiras, contribui para o aumento de casos de intoxicação alimentar nos primeiros meses do ano. Só em Florianópolis (Santa Catarina), 3,2 mil casos foram registrados nos primeiros 20 dias de 2023.

Aliás, vale diferenciar intoxicação de infecção alimentar. “Ambas são causadas por bactérias, vírus, protozoários ou até mesmo parasitas”, explica Rafael Picon, professor de gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 

Mas, no caso da intoxicação alimentar, o vírus ou a bactéria não sobrevivem ao ácido gástrico do estômago. Ocorre que , ao serem destruídos, liberam toxinas que geram os estragos – daí o termo “intoxicação”. Nesse caso, o indivíduo não transmite a doença. Os sinais da intoxicação alimentar são sentidos pouco tempo depois da ingestão do alimento contaminado. “É aquele caso em que você come uma coisa no almoço e, no final da tarde, já está se sentindo mal”, afirma Picon. 

Já na infecção alimentar, os sintomas aparecem alguns dias depois da ingestão. E, aqui, os micro-organismos não são destruídos no trato intestinal, o que significa que podem ser transmitidos.  

Apesar dessas particularidades e dos diferentes agentes causadores, os sintomas costumam se assemelhar muito: incluem vômitos, náusea, diarreia e dor abdominal. 

Na maioria dos casos, o tratamento pode ser realizado em casa. O infectado deve se hidratar bem e comer alimentos leves. Mas algumas pessoas terão de buscar o serviço hospitalar. “Geralmente, os pacientes buscam os hospitais quando sentem desconforto por causa dos episódios de evacuação, apresentam dor abdominal recorrente ou algum grau de desidratação”, pondera Picon.  

Os quadros mais graves costumam ser apresentados por crianças ou idosos, que possuem a imunidade mais baixa. Pelo mesmo motivo, pacientes imunossuprimidos demandam um cuidado extra. 

Picon também alerta para a suscetibilidade a infecções bacterianas por parte das pessoas com diabetes – o que também envolve gastroenterites. “Em pacientes com lúpus e esclerose múltipla, a não ser que estejam tomando alguma droga que afete o sistema imunológico, a intoxicação não gera maiores problemas”, tranquiliza. 

Os agentes mais comuns de intoxicação alimentar são as bactérias do gênero Staphylococcus, prevalentes em produtos de origem animal, como carnes que não foram conservadas da maneira correta. Por isso, além da limpeza de vegetais e a higienização correta das mãos, Picon destaca a importância da cocção correta de carnes. Ele alerta ainda para a importância de manter a distância de pessoas infectadas, uma vez que alguns vírus e bactérias são facilmente transmitidos pelo ar.

O norovírus, que apareceu como responsável em 63% das amostras analisadas em Santa Catarina neste ano, é outro inimigo que aparece no verão. Ele faz parte de um grupo de vírus comuns em regiões com baixos níveis de saneamento básico. Para conter esse perigo, não há segredo: as autoridades devem investir em estruturas básicas de saneamento nas cidades. “A medida adotada deve ser preventiva, melhorando o sistema de saneamento básico das cidades”. 

De acordo com o IBGE, cerca de 68% dos domicílios brasileiros possuem saneamento básico no Brasil. A distribuição entre as regiões é bastante desigual. Enquanto na Região Norte a cobertura é de 14%, nos estados do Sudeste a média é de 81,7%. De acordo com a OMS, 88% das mortes por diarreia acontecem em decorrência da falta de estruturas adequadas de saneamento básico.

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