Livro desmistifica esquizofrenia com linguagem acessível ao público

O livro ‘Entre a Razão e a Ilusão’ que fala sobre os mitos da esquizofrenia chega às livrarias em sua terceira edição 

Jorge Cândido de Assis conheceu Cecília Cruz Villares em 2001 quando ela estava montando a ABRE – Associação Brasileira de Familiares e Amigos de Portadores de Esquizofrenia. Dois anos depois, ele conheceu o psiquiatra e neurocientista Rodrigo Bressan. Os três ficaram amigos.

“A ABRE começou a funcionar dentro do programa de esquizofrenia da Unifesp, onde o Rodrigo acabou sendo coordenador por 10 anos e havia ali um ambiente em que fui acolhido como pessoa. A convivência entre todos proporcionou a troca de experiências”, lembra Jorge.

Ele, Cecília e Rodrigo decidiram lançar o livro ‘Entre a Razão e a Ilusão – desmistificando a esquizofrenia’, que ganhou a terceira edição, divulgada no último dia 24, na Livraria da Vila, em São Paulo. “Quando fui diagnosticado, em 1987, estava começando o movimento de levar o tratamento para onde as pessoas moram. O tratamento era internação por longa duração. De lá pra cá, os remédios tiveram uma melhora muito grande, em termos de efeito colateral e efetividade. O conhecimento avançou muito!”, afirma.

A publicação trata da experiência e da vivência com esquizofrenia, tanto com depoimentos de pacientes, quanto familiares, amigos e profissionais de saúde. “A gente tira a onipotência do médico e fala, ‘olha, tem muitos olhares para essa história’. Você começa a ouvir mais. Então, eu aprendi muito na minha prática clínica através dessas perspectivas”, declara o psiquiatra e neurocientista Rodrigo Bressan.

O projeto inicial, que seria apenas livretos sobre a condição de saúde mental, foi crescendo e ganhando ‘corpo’. “Esse livro estava esgotado há muitos anos e tínhamos uma demanda de muita gente que queria. É um livro que convida muito ao diálogo e acho que essa é a fórmula”, enfatiza Cecília Cruz Villares.

A esquizofrenia é um distúrbio que afeta a capacidade da pessoa de pensar, sentir e se comportar com clareza. É caracterizada por pensamentos ou experiências que parecem não ter contato com a realidade, fala ou comportamento desorganizado e participação reduzida nas atividades cotidianas. O tratamento costuma ser multidisciplinar e por toda a vida, com uma combinação de medicamentos e psicoterapia.

“A linguagem do livro é acessível, mas não é simplificadora. Acho que isso é importante dizer. Não simplifica a questão, mantém a complexidade do assunto. Tanto é que a gente tem vários pontos de vista. E as pessoas entendem sempre de maneira diferente. Não tem uma explicação única, porque a pessoa que passa pela experiência da esquizofrenia vai continuar tendo uma percepção peculiar, mesmo que ela acrescente o conhecimento”, ressalta Cecília.