Mais tempo sem acesso, menos qualidade de vida: a urgência da decisão sobre DPOC

Por CDD

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é silenciosa, progressiva e extremamente incapacitante. Ela tira o fôlego, limita a mobilidade e transforma ações simples — como subir escadas ou conversar — em desafios diários.

Segundo a OMS, a DPOC se tornará a  terceira principal causa de morte no mundo até 2030, com aumento de prevalência em países em desenvolvimento. No Brasil, 15,8% da população acima de 40 anos apresenta DPOC, sendo esta a quinta principal causa de morte no país e uma das principais responsáveis por internações no SUS. Ainda assim, o acesso ao tratamento adequado continua distante da realidade da maior parte da população.

Recentemente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) analisou a possibilidade de incorporar o dupilumabe, uma terapia inovadora voltada a pacientes com DPOC tipo 2 — um subgrupo que não responde bem aos tratamentos tradicionais e sofre com frequentes exacerbações e hospitalizações.

Apesar dos resultados promissores de estudos clínicos, que demonstraram redução significativa nas crises e melhora na função pulmonar, a decisão preliminar da ANS foi negativa. O motivo alegado? O impacto orçamentário.

Essa resposta gerou indignação em pacientes, profissionais de saúde e organizações da sociedade civil. Afinal, como justificar a manutenção de um cenário de internações recorrentes, perda de produtividade e sofrimento diário — quando existe uma alternativa segura e eficaz disponível?

Durante a Consulta Pública nº 160, encerrada recentemente, a CDD mobilizou pacientes, médicos e cidadãos para manifestarem seu apoio à incorporação do dupilumabe. Foram semanas de campanhas, depoimentos reais e informação de qualidade.

Agora, aguardamos o parecer final da ANS.

Mas enquanto a decisão não vem, o tempo corre contra os pacientes. Cada mês sem acesso é um mês a mais de limitação, de dependência de oxigênio, de idas à emergência. É um ciclo de perda de autonomia que poderia ser interrompido com a chegada de um novo tratamento.

A DPOC não é invisível. Ela está nos dados, nos consultórios, nos leitos hospitalares. E, principalmente, está nas histórias das pessoas.

A CDD  segue firme no seu papel de promover informação e dar voz à dor dos pacientes. Acreditamos que políticas públicas precisam priorizar vidas. E que respirar não pode mais ser um privilégio.

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