26.02.2024 Saúde Pública

Novo tratamento em dose única para malária tem recomendação inicial favorável pela Conitec

Por CDD

Está aberta até 01/03 a Consulta Pública para incorporação do medicamento Tafenoquina para a malária causada pelo protozoário vivax, que poderá reduzir os riscos de disseminação da doença no país

O que parece ser uma “simples gripe” pode se tratar, na realidade, de uma doença infecciosa parasitária aguda, com mais de 228 milhões de casos reportados apenas em 2019, e 405 mil óbitos no mesmo período, a maioria entre crianças. A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos geralmente pela picada da fêmea do mosquito Anopheles darlingi, embora a contaminação através do sangue de pessoas infectadas, como em transfusões, também seja possível. Atualmente, podemos observar diversos progressos no combate dessa patologia, que teve seus casos diminuídos em mais de 50% no país desde o ano 2000. Ainda assim, ela é considerada um dos mais sérios problemas mundiais de saúde pública – além de ser uma das doenças de maior impacto na morbidade e mortalidade da população de países situados nas regiões tropicais e subtropicais do planeta, como o Brasil, a Colômbia e a Venezuela.

O período de incubação da malária varia entre uma e quatro semanas, e o sintoma mais comum na fase inicial é a febre acompanhada ou não de sudoreses e calafrios, mas podem surgir outros sinais menos relatados, como cefaleia e vômito. No Brasil, há uma prevalência da espécie vivax do protozoário, e a região amazônica é a mais afetada, composta pelos estados da Região Norte, Maranhão e Mato Grosso. Se identificada e tratada com agilidade, a malária pode ser curada. A dificuldade no diagnóstico e tratamento pode resultar no agravamento da condição, que evolui para quadros de anemia grave, insuficiência renal e hepática.

Atualmente no Brasil, o tratamento da malária causada por P. vivax ou P. malarie segue primeiramente a combinação de antimaláricos (cloroquina e primaquina). A Conitec abriu, nesse mês, uma consulta pública com a recomendação inicial favorável do uso da Tafenoquina, medicamento recentemente aprovado pela ANVISA, para o tratamento da malária vivax. Espera-se que a medicação permita um aumento na adesão e conclusão do tratamento, uma vez que, diferente das outras opções, é administrada em dose única, reduzindo assim os riscos de disseminação da doença no país. Para os especialistas envolvidos, o fato representa um avanço significativo ao combate da doença nos últimos 60 anos.

Segundo relatório técnico, a Conitec recomendou inicialmente a incorporação no SUS da tafenoquina para o tratamento, ou cura radical, de malária causada pelo Plasmodium vivax em pacientes com 16 anos de idade ou mais e atividade enzimática maior que 70% de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), confirmada por meio de teste rápido validado. As contribuições estão abertas até o dia 01/03/2021.

A CDD se posiciona de acordo com a decisão da Conitec, e apoia a mobilização para reiterar a incorporação desse medicamento pela relevância para a saúde pública nacional, uma vez que se trata de uma questão de saúde pública que afeta todas nós, principalmente populações mais vulneráveis. Para participar com experiências e opiniões ou com contribuições técnicas-científicas, acesse  e preencha o formulário com seus dados, concordando com a recomendação preliminar favorável à incorporação da tafenoquina para tratamento de pacientes com malária por Plasmodium vivax.

O relatório técnico completo de recomendação da Conitec está disponível e pode ser acessado em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/Relatorios/2021/20210205 _ Relatorio _ tafenoquina _e _ teste _ G6PD _ CP _ 04 _ 2021.pdf.

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