O que aconteceu depois que larguei o cigarro?

Por: Larissa Irala, psicóloga

Abandonar o cigarro é uma das decisões mais transformadoras e desafiadoras que uma pessoa pode fazer em busca de uma vida mais saudável. No entanto, o caminho até essa decisão costuma ser longo, pois muitos fumantes têm medo de enfrentar o sofrimento da abstinência.

A frase do psicólogo Jeffrey Young, criador da terapia do esquema, reflete bem essa realidade: “Na tentativa de passar pela vida sem dor, negamos a oportunidade de mudar aquilo que nos prejudica”. Esse medo de sofrer impede muitas pessoas de tomarem uma atitude, sem perceberem que, na verdade, o sofrimento já está presente ao manter o vício.

Os três grandes desafios para abandonar o cigarro

A jornada para parar de fumar envolve o enfrentamento de três tipos de dependência: química, psicológica e comportamental. Então, cada uma delas exerce uma influência específica e precisa ser trabalhada com estratégias direcionadas e eficazes.

Dependência química

A nicotina, a substância ativa do cigarro, é uma droga altamente viciante que age rapidamente no cérebro, estimulando a liberação de neurotransmissores ligados à sensação de prazer e recompensa. Isso explica a vontade intensa de fumar sempre mais. 

Para enfrentar essa dependência, é importante contar com acompanhamento médico, que pode orientar o uso de terapias de reposição de nicotina, como adesivos e chicletes, ou prescrever medicações adequadas. Cada pessoa possui um grau de dependência diferente e o uso correto dos recursos pode ajudar a reduzir gradualmente a necessidade de nicotina sem o choque abrupto da abstinência total.

Dependência comportamental

O tabaco se infiltra na rotina diária de uma pessoa, criando hábitos que parecem inofensivos, mas que na verdade reforçam o vício. Ou seja, muitos fumantes associam o cigarro a momentos específicos, como a primeira hora da manhã com o café ou as pausas de trabalho. 

Com o tempo, essas rotinas se tornam automáticas e difíceis de abandonar. Superar a dependência comportamental significa reprogramar o dia a dia, substituindo o cigarro por atividades mais saudáveis e recompensadoras, que ocupem o espaço deixado pelo hábito de fumar. Esse é um passo essencial para construir uma nova rotina, livre do vício.

Dependência psicológica

Para muitos, o cigarro assume um papel quase simbólico, representando uma fonte de conforto, companhia e suporte emocional em momentos de angústia ou estresse. Esse “papel” é atribuído pelo fumante, que passa a acreditar que precisa do cigarro para enfrentar situações difíceis ou relaxar. 

No entanto, essa relação é ilusória e acaba criando uma prisão psicológica, pois o cigarro não cumpre a promessa de preencher o vazio emocional. Trabalhar a dependência psicológica envolve ressignificar esses momentos e aprender que é possível e saudável encontrar suporte em outras práticas e pessoas.

Ressignificando a vida sem o cigarro

Parar de fumar é mais do que apenas evitar o cigarro: é um processo de luto e transformação. É aprender a viver sem aquele que, por muitos anos, foi visto como um companheiro. É um caminho de autoconhecimento, no qual é preciso ressignificar pensamentos, ações e o próprio tempo. Sem o cigarro, há uma grande oportunidade de mudança e de crescimento pessoal, mas isso exige paciência e empenho.

Essa jornada pode parecer difícil, e realmente é. No entanto, com o apoio certo e estratégias bem definidas, é possível superar cada um dos obstáculos e descobrir o prazer de uma vida saudável e livre do tabaco. Decida hoje por essa mudança e comece a transformar sua vida.

Me siga no Instagram – @larissa.irala.ficht

Compartilhe

Leia Também