Quem deve se vacinar contra a mpox, antes chamada de varíola dos macacos
A imunização contra mpox se destina a pessoas infectadas pelo HIV, profissionais que trabalham em laboratórios e àqueles que tiveram contato com o vírus. Pessoas com doenças crônicas não estão na lista
Por Fernanda Simoneto, da Redação CDD
Desde 13 de março de 2023, a vacina contra a mpox, doença antes conhecida como varíola dos macacos, está disponível a grupos prioritários. O governo brasileiro adquiriu 46 mil doses de vacinas, quantidade suficiente para a imunização de 23 mil cidadãos.
O esquema vacinal completo é feito com duas doses, com intervalo de quatro semanas, e será dedicado a pessoas com HIV, profissionais de saúde e a quem teve contato com o vírus. A estratégia de vacinação adotada pelo Ministério da Saúde inclui a imunização pré e pós- exposição ao vírus.
O vírus da mpox é endêmico em países da África Central e Ocidental. Seu aparecimento em outras regiões não endêmicas começou em maio de 2022 no Reino Unido. Em julho daquele ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou emergência de saúde pública. O primeiro caso no Brasil foi registrado em junho. Os sintomas mais frequentes incluem febre e feridas no corpo.
Para a infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a quantidade de vacinas adquiridas é adequada. “Estamos em uma situação epidemiológica favorável. Houve uma redução no número de casos desde setembro, inclusive nos casos graves, o que fez com que o Ministério da Saúde pudesse escolher um grupo prioritário”, argumenta. A OMS não recomenda a vacinação em massa da população justamente pela escassez de imunizantes e pelo controle da situação epidemiológica mundial.
O principal objetivo da imunização é evitar os quadros graves da doença. Por isso, o Ministério da Saúde do Brasil priorizou a proteção de grupos específicos. Doentes crônicos não estão na lista prioritária para vacinação, uma vez que não tendem a desenvolver casos graves.
Deacordo com Stucchi, a maior parte dos óbitos aconteceu em pessoas com alto grau de imunossupressão. “Pessoas com HIV, com a contagem de linfócitos muito baixa e sem um tratamento adequado são as que mais nos preocupam”, afirma.
Pessoas que entraram em contato com algum caso suspeito ou confirmado de mpox e tenham entre 18 e 49 anos também devem procurar um posto de vacinação. A recomendação é tomar a primeira dose até quatro dias depois da exposição ao vírus, impedindo a transmissão da doença.
“O critério para direcionar vacinas para pós-exposição será feito com base no número de casos: cidades com mais de dez casos registrados nos últimos três meses receberão as doses”, explica Stucchi.
A vacina aplicada no país é produzida pela empresa dinamarquesa Bavarian Nordic, e foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em agosto de 2022. Na Europa, já estava liberada desde 2013.
“É um imunizante que foi usado para o controle de varíola, e os estudos demonstraram que também tem ação contra o vírus mpox”, esclarece Stucchi. Atualmente, apenas a Bavarian Nordic o fabrica. “Adquirir uma maior quantidade maior de vacinas está nos planos do Ministério da Saúde, mas a grande dificuldade é que sua produção é limitada”, explica.
O Brasil é um dos últimos países a iniciar a aplicação da vacina na população. Nos Estados Unidos e na Europa, a imunização começou em 2022. “O imunizante já estava no país, mas não havia um direcionamento”, afirma Stucchi.
Endêmico em países africanos, o vírus mpox afetou até o momento 10 301 pessoas no Brasil. A fase de maior circulação ocorreu entre os meses de julho a setembro de 2022. Cerca de 90% dos registros são em pessoas do sexo masculino e 76% dos infectados têm entre 18 e 39 anos.
A transmissão acontece de pessoa para pessoa, através do contato com feridas abertas causadas pelas doenças ou superfícies contaminadas. A principal estratégia para evitar a infecção é procurar uma emergência médica ou posto de saúde em caso de exposição, mesmo que sem sintomas.
Apesar do nome inicialmente adotado, os macacos não são transmissores do vírus – daí a mudança de nomenclatura pela OMS.
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