Conheça a relação entre saúde mental e condições de pele
Neste artigo, você vai conhecer mais sobre a relação entre saúde mental e as condições de pele.
É um clássico de filmes sobre adolescentes, logo no dia de um “grande encontro”, o protagonista acorda com uma espinha no rosto. É um clichê, mas não deixa de refletir uma realidade: cérebro e pele estão intimamente conectados.
Como o maior órgão do corpo, a pele frequentemente reflete o que está acontecendo por dentro. Ou seja, o estresse impacta negativamente sua pele. As glândulas produzem mais oleosidade sob estresse (como na ansiedade por um encontro). Isso pode levar ao surgimento de acne em pessoas que já tem esta tendência, por exemplo.
Diversas condições dermatológicas se interrelacionam com a saúde mental, como a dermatite atópica, psoríase, urticária crônica espontânea (UCE), alopecia areata. Ainda que a saúde mental não seja causa de nenhuma destas condições (leia mais sobre as causas destas condições em nosso site), determinadas aflições psicológicas podem ser gatilho para crises.
Saúde mental e estresse nas condições de pele
De acordo com pesquisas, o estresse pode ser um fator desencadeante para psoríase, além da ansiedade e estresse piorarem a coceira da dermatite atópica, por exemplo. O estresse também aumenta a inflamação e a liberação de hormônios, como o cortisol, adrenalina e derivados, que agem sobre receptores e neurotransmissores do corpo.
No entanto, assim como a saúde mental afeta a saúde da pele, a saúde da pele também afeta nosso emocional. A imprevisibilidade das crises de UCE gera um estado de ansiedade muito grande; um estudo mostrou que cerca de metade das pessoas que vivem com psoríase apresentam sintomas de ansiedade, devido à natureza crônica da condição.
O aspecto e a qualidade da pele influenciam diretamente na autoestima e autoimagem. Todos estes fatores podem levar ao isolamento e depressão.
O que fazer para ajudar?
Um estudo realizado entre adolescentes com dermatite atópica mostra que 16% destes já tiveram pensamentos suicidas. O número aumenta para 24% quando as lesões de pele são acompanhadas por coceira.
De acordo com a psicóloga Bárbara Negri Cruz Hagen, é importante que pessoas com doenças crônicas tenham um espaço acolhedor, pois assim recebem auxílio para aliviar a tensão emocional e promover o bem-estar.
“Romper o ciclo vicioso entre ansiedade e agravamento das doenças de pele envolve uma abordagem multifacetada, que integra o tratamento da condição dermatológica com estratégias de manejo do estresse e suporte emocional. Combinando cuidados médicos, apoio psicológico, práticas de autocuidado e mudanças de estilo de vida, é possível reduzir a ansiedade, melhorar a condição da pele e promover uma melhora do estado geral de bem-estar”.
Hagen traz dicas de como criar espaços seguros e acolhedores para lidar com os fatores emocionais que envolvem condições de pele:
- A psicoterapia é uma grande aliada por ser um ambiente que promove autoaceitação e autocuidado;
- Criar e buscar por espaços sociais e de acolhimento também são excelentes alternativas, uma vez que promovem o autoconhecimento, a troca e o acolhimento – como associações e grupos de pacientes ou a CVV (Centro de Valorização da Vida), por exemplo.
- Técnicas de relaxamento (como meditação e momentos de introspecção) e de movimento (como exercícios físicos) também são de importantes na redução do estresse;
- Os ambientes que frequentamos e as pessoas que estão ao nosso redor também podem impactar nossa saúde mental. Por isso, é importante fazermos melhores escolhas, sempre que possível, das situações que nos colocamos;
- Outro aspecto importante, e talvez um dos mais desafiadores, é estabelecermos limites saudáveis. Ou seja, aprendermos a dizer “não” quando necessário;
- A expressão criativa também é uma ótima válvula de escape, bem como uma forma importante de nos conectarmos com nossa essência e de lidarmos com nossas emoções.