Transplante de órgãos para jovens: principal desafio é compatibilidade de tamanho e peso
Vice-presidente da Associação Brasileira de Transplante aponta aumento na fila de espera
Nos primeiros três meses de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado, houve um aumento na fila de espera de 25% para transplante de rim e 9% para transplante hepático. Os dados são da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, ABTO.
O relatório aponta ainda uma queda de 36% na lista para pâncreas, enquanto para o transplante pulmonar o ingresso foi igual ao ano anterior e abaixo da previsão. “O número de pacientes em fila de espera para os diversos órgãos tem aumentado no Brasil. O principal órgão sólido que tem a maior fila é o rim, seguido de fígado. Coração e pulmão são menos frequentes. Nós temos também o transplante de tecidos, por exemplo, de córnea, que tem uma fila muito grande, e também medula óssea”, explica a vice-presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Luciana Haddad, em entrevista ao portal da CDD.
O Brasil ocupa a segunda posição entre os países que mais realizam transplantes – atrás apenas dos Estados Unidos – ainda assim, temos mais de 34 mil brasileiros que aguardam por um transplante, segundo informações do Ministério da Saúde.
A doação pode ser de órgãos como rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão, ou de tecidos como córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical. A doação de órgãos como rim, parte do fígado ou da medula óssea pode ser feita em vida. A atual legislação determina que a família seja a responsável pela decisão final, não tendo mais valor a informação de doador ou não doador de órgãos, registrada no documento de identidade.
Depois de autorizado o transplante, os órgãos vão para pacientes que necessitam e que estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Não existe um limite de idade para a doação de órgãos mas, para o público jovem, existem alguns desafios, na avaliação da vice-presidente da ABTO, Luciana Haddad. “Existem alguns critérios e isso varia dependendo do órgão, da saúde do doador, tamanho, peso, compatibilidade sanguínea, etc. Alguns dos desafios para os jovens, principalmente crianças e adolescentes, é mesmo a questão da compatibilidade de tamanho e peso, porque acaba restringindo um pouco a quantidade de doadores disponíveis”, diz. A representante da ABTO enfatiza que o Brasil tem uma quantidade insuficiente de doadores para as necessidades do País. Estão excluídos do direito de doar as pessoas sem identidade, ou menores de 21 anos sem a autorização dos responsáveis.