27.03.2023 Saúde Pública

Vacinas bivalentes reforçam proteção contra covid-19

A nova etapa da imunização com as vacinas bivalentes visa combater infecção por novas cepas de coronavírus; confira grupos que já podem se vacinar

No final de fevereiro, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação, incluindo no calendário um novo tipo de imunizante contra a covid-19. É a vacina bivalente, versão atualizada para proteger também contra as novas variantes do vírus. Em novembro de 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) havia aprovado as vacinas BA1 e BA4/BA5 da farmacêutica Pfizer para uso temporário e emergencial como dose de reforço.

O programa, divulgado sob o slogan “Vacina é vida, vacina é para todos”, busca retomar os índices de vacinação contra diversas doenças a um patamar seguro, uma das medidas prioritárias da nova gestão do Ministério após a queda da cobertura vacinal nos últimos anos. No caso da proteção contra a covid-19, a vacinação está sendo realizada em etapas. 

“As vacinas monovalentes foram manufaturadas com base no vírus original. Mas quem circula nesse momento não é ele não, e sim as variantes e subvariantes”, explica o médico Eduardo Sprinz, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. 

A ômicron, predominante atualmente, chegou ao Brasil ainda em novembro de 2021. No final de 2022, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, eram monitoradas as subvariantes descendentes da ômicron BA.5, BA.4 e BA.2. 

A diferença entre as vacinas já distribuídas a partir de 2021 no país e a nova vacina é a abrangência de anticorpos que os imunizantes incentivam o organismo a produzir. As vacinas monovalentes – como são chamadas os primeiros tipos de vacinas contra a covid-19 – contêm pedaços do vírus original. Com o avanço da pandemia e o aparecimento de novas variantes, cientistas começaram a desenvolver atualizações desse imunizante original. 

“A bivalente mantém ainda um pedaço do vírus original, e associa um pedaço da variante ômicron, das subvariantes”, pontua Sprinz. A vacina da Pfizer aprovada pela Anvisa começou a ser aplicada no final de fevereiro.

Grupos prioritários já recebem imunizante 

Por enquanto, a vacinação bivalente só está disponível para grupos com maior potencial de desenvolver formas graves em caso de infecção pelo coronavírus. Os primeiros a serem vacinados foram idosos acima dos 70 anos, pessoas com comprometimento imunológico, quem vive e trabalha em instituições de longa permanência e comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas. 

É o Ministério da Saúde que decide, a partir de levantamentos, quais serão os grupos incluídos em cada etapa do plano de vacinação. Mas, depois da distribuição dos imunizantes pela pasta, os estados e municípios têm autonomia para avançar nas fases de vacinação de acordo com o andamento da cobertura em cada local. 

No dia 17 de março, o Ministério orientou que todas as administrações governamentais iniciassem a vacinação para os grupos contemplados na segunda fase do plano de imunização. Até aquela data, mais de 4 milhões de brasileiros já haviam tomado a dose bivalente de reforço.

Agora, em todo o Brasil, podem se vacinar também pessoas com 60 anos ou mais; trabalhadores da saúde; pessoas com deficiência permanente; gestantes e puérperas; população privada de liberdade e funcionários do sistema; e adolescentes em medidas socioeducativas. A bivalente está liberada para aplicação nesses grupos a partir dos 12 anos. 

Por enquanto, as doses só estão liberadas para uso como reforço. É preciso ter completado o ciclo vacinal primário – ou seja, ter tomado pelo menos duas doses da vacina monovalente – há no mínimo quatro meses. É possível que essa diretriz mude no futuro, pois no exterior a bivalente já é usada como primeira dose. “No Brasil, talvez por não ter tanta disponibilidade, a regra é que seja utilizada para o reforço”, afirma Sprinz.

Dose extra garante proteção para imunossuprimidos

Para quem possui uma doença crônica que afeta a imunidade, como é o caso de imunodeficiências graves, pessoas vivendo com HIV, transplantados, ou quem passa por tratamentos que diminuem as defesas do organismo – como a hemodiálise ou a quimioterapia – a vacina bivalente pode garantir uma proteção maior contra a infecção por covid-19. 

“Pessoas com doenças crônicas, via de regra, têm maior chance de evoluir para formas mais graves da covid. Muitas não possuem mais um sistema imunológico tão competente, então principalmente para essas pessoas vale a pena fazer o reforço”, alerta Sprinz. 

Como a única mudança da vacina monovalente para o tipo bivalente foi a atualização dos tipos de variantes, o imunizante segue seguro, e a única contraindicação é para quem tem alergia a algum dos seus componente. “O que altera os tipos de reações adversas são as plataformas nas quais as vacinas são feitas. Essas vacinas de RNA mensageiro têm se mostrado extremamente seguras, com eventos adversos graves raríssimos”, tranquila Sprinz. 

Os estudos clínicos conduzidos pela fabricante Pfizer confirmaram que a bivalente é tão segura quanto as vacinas disponíveis anteriormente, e demonstraram que a resposta imune contra novas subvariantes foi maior para quem recebeu a bivalente, em comparação às vacinas originais.  

Apesar da proteção mais abrangente proporcionada pela bivalente, as vacinas que já estavam disponíveis – e continuam a ser aplicadas em pessoas que não pertencem aos grupos prioritários – seguem sendo seguras e de vital importância para o combate à pandemia. “Elas continuam a proteger contra as formas graves da covid-19”, destaca Sprinz. 

Para quem se enquadra nos critérios para reforço com a bivalente, ou mesmo para quem busca atualizar seu esquema vacinal primário (com a primeira ou segunda doses ou as doses de reforço), basta procurar a unidade de saúde mais próxima e se manter atualizado com as informações do município onde mora.

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