‘Cigarro eletrônico ‘vitaminado’ é o cúmulo do apelo da indústria’, declara médica de adolescentes

Por CDD

Hebiatra Luiza Silva faz alerta sobre os perigos do cigarro eletrônico para a saúde; confira 

Você já ouviu falar em cigarro eletrônico com ‘vitaminas’? Algumas empresas estão fazendo anúncios na internet para conquistar mais consumidores e isso já está assustando especialistas na área da saúde.

“Na propaganda, era uma pessoa bem jovem, com corpo bem malhado, na academia, falando: ‘Assim você ingere a quantidade necessária de vitaminas para seu dia a dia. Você fuma e absorve as proteínas pela sua árvore respiratória e isso não vai te fazer mal’. Quando eu vi, pensei que fosse um meme, mas infelizmente não era. Não adianta usar o vape vitaminado porque não absorve, não sei de onde tiraram isso. É o cúmulo do apelo da indústria”, enfatiza Luiza Silva, que é pediatra e hebiatra, médica de adolescentes.

Nesta fase, entre os 12 e 18 anos, existe um risco alto de iniciar o uso de qualquer substância. Na observação de Luiza Silva, fazer uso do cigarro eletrônico ou vape, como também é chamado, é considerado ‘bacana’. “A percepção de risco é um dos norteadores do nosso comportamento, principalmente na adolescência. Se o jovem assiste esse vídeo e já vê que uma galera está usando, ele vai querer usar também”, diz.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária vetou os cigarros eletrônicos no Brasil. A Anvisa diz que é proibido comercializar e fazer propagandas, de qualquer dispositivo eletrônico, seja para fumar ou para suplementação de vitaminas, probióticos, enzimas e outros. 

A fiscalização fica a cargo das autoridades locais, mas não é difícil encontrar alguém consumindo os vapes em diversas cidades do País e até em estabelecimentos comerciais. “Poderíamos ter uma campanha nacional de conscientização, começando nas escolas e chegando aos bares, restaurantes e prédios comerciais”, sugere a hebiatra Luiza Silva.

A médica lembra que o cigarro eletrônico surgiu com outro propósito:”A intenção era ser um ‘desmame’ do cigarro convencional mas, logo depois, começaram as alterações. Então, vieram as essências, as concentrações muito altas de nicotina, mais que os tradicionais, numa embalagem pequenininha, que parece um pendrive, um batom. Para os adolescentes, é fácil esconder dos pais. E tudo isso apela para esse público que pode pensar que não vai fazer mal”, avalia.

Luiza Silva acredita que faltam campanhas mais claras sobre o consumo do cigarro eletrônico no Brasil. O que preocupa a hebiatra é a aparência ‘inofensiva’ da substância: “Já começamos a corrida perdendo, porque não se fala o suficiente sobre isso. O que percebo dos adolescentes é uma cara de puro choque. Muitos não sabem que tem nicotina e que pode fazer mal, que podem causar pneumonia e pneumonites. E é algo que os adolescentes não conversam muito”.

Para os pais, a hebiatra aconselha o diálogo com os filhos, esclarecendo que não existe ‘cigarro vitaminado’ e que o produto pode contribuir para o vício, além de doenças respiratórias graves. Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Pneumologia diz que estudos científicos mostram que o uso de cigarro eletrônico causa doenças não só respiratórias, mas gastrointestinais, na boca, entre outras.

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