Relato | A enxaqueca é muito incapacitante, mas é invisível
O impacto de uma condição invisível: a enxaqueca é uma doença neurológica crônica que afeta mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, sendo 30 milhões no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Muitas vezes incompreendida e subestimada, a enxaqueca vai muito além de uma simples “dor de cabeça”.
Seus sintomas, que incluem dor intensa, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e ao som, podem ser extremamente incapacitantes. Dessa forma, afetam a qualidade de vida e o desempenho profissional e pessoal das pessoas com a condição.
“Infelizmente a enxaqueca é muito incapacitante, mas é invisível”, comenta Marina Goulart, que convive com a doença crônica. Em depoimento para a CDD, ela reforça a importância de dar visibilidade a essa doença silenciosa e debilitante.
Uma doença invisível e a falta de reconhecimento da gravidade
Um dos maiores desafios enfrentados por quem vive com enxaqueca é a falta de compreensão e reconhecimento da doença. Isto é, muitas pessoas ainda acreditam que a enxaqueca é apenas uma desculpa para evitar responsabilidades ou que se trata de um problema psicológico.
Essa falta de compreensão pode levar ao isolamento social, à culpa e à vergonha por parte dos pacientes, que muitas vezes se sentem incompreendidos e desamparados. “Muita gente acha que dor de cabeça é frescura, principalmente por ser mulher… Ainda mais que a condição piora de acordo com o ciclo menstrual”, relata Marina, evidenciando o estigma que ainda existe em torno da doença.
Sintomas invisíveis e os impactos na vida profissional
No ambiente de trabalho, a enxaqueca pode ter um impacto significativo. As crises podem ocorrer a qualquer momento, impossibilitando o cumprimento de tarefas e compromissos. Ou seja, a necessidade de se ausentar do trabalho ou de reduzir a carga horária pode gerar conflitos e prejudicar a carreira profissional.
Além disso, a dor e os outros sintomas podem dificultar a concentração, a criatividade e a produtividade, afetando o desempenho e a qualidade do trabalho. “Às vezes eu tenho uma reunião, alguma coisa importante, é muito complicado, é muito chato você falar ‘olha, eu não posso cumprir meu compromisso porque estou com enxaqueca'”, desabafa Marina, ilustrando as dificuldades enfrentadas no ambiente profissional.
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Sintomas invisíveis e os impactos na vida pessoal
Na vida pessoal, a enxaqueca também pode ser um fardo pesado. A imprevisibilidade das crises pode dificultar o planejamento de atividades e compromissos, gerando frustração e ansiedade.
Por sua vez, a necessidade de repouso e isolamento durante as crises pode afetar as relações sociais e familiares, levando ao isolamento e à solidão. “Às vezes, a minha filha está falando comigo e eu não consigo entendê-la. Há uma perda cognitiva momentânea, de fato”, afirma Marina.
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Então, o que é possível ser feito?
Apesar dos desafios, é importante ressaltar que a enxaqueca tem tratamento. Existem diversas opções terapêuticas disponíveis, que incluem medicamentos preventivos e para alívio das crises, além de terapias não farmacológicas – como, por exemplo, a prática de exercícios físicos, técnicas de relaxamento e mudanças no estilo de vida.
No entanto, é importante salientar que, mesmo com as possibilidades existentes, a condição não some por completo: “Eu faço tratamento com toxina botulínica, tomo medicamentos de prevenção e, mesmo assim, tenho crises. Faço atividade física, yoga e ainda sofro com a doença e com a pressão externa de as pessoas acharem que eu fui irresponsável com a minha saúde”, conta Marina.
O acompanhamento médico regular é fundamental para o controle da doença e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Porém, o que é ainda mais importante para as pessoas que convivem com a enxaqueca é a conscientização social sobre a doença, para desmistificar estigmas e discriminação, além de promover o acesso ao tratamento adequado e a inclusão social dos pacientes.
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