30.01.2024 Saúde Mental

Saiba como evitar que a tecnologia roube sua saúde mental

Mais de vinte anos após a popularização da internet, alguns comportamentos da humanidade mudaram frente ao desenvolvimento da tecnologia

Em tese, os dispositivos móveis, tablets e aparelhos ligados à rede mundial de computadores deveriam existir para facilitar a nossa vida e nos proporcionar um tempo de qualidade para todo o resto. É fato que hoje nós conseguimos nos conectar numa velocidade infinitamente maior do que no fim dos anos 1990. As distâncias também diminuíram. Mas tudo isso tem um preço altíssimo: somos reféns do tempo.

Quase não nos sentamos à mesa ou no sofá da sala para conversar com as pessoas da nossa família. Em um jantar com amigos ou parceiro amoroso, cada um está manuseando o celular. Temos um universo de estímulos simultâneos, mas não damos atenção a nada.  

Além disso, outra situação preocupante é como as redes sociais estão sendo uma válvula de escape para que muitos de nós busquemos um instante de ‘relaxamento’. Sabe aquela frase: “ah, que dia estressante, vou dar uma olhada no meu perfil pra ver se tem algo bacana”? Ocorre que os algoritmos são programados para que fiquemos dependentes daqueles conteúdos, que vão desde vídeos fofinhos de pets, passando pelas notícias trágicas, até uma avalanche de propagandas que são pensadas para que você consuma. 

Ao mesmo tempo, preenchemos o ócio com uma série de conteúdos ou tarefas que são resolvidas através da tecnologia. Uma pesquisa publicada no site The Conversation com 300 pessoas revelou como elas utilizam o tempo livre. Ruth Ogden, professora de Psicologia do Tempo na Universidade de Liverpool John Moores (Reino Unido), Joanna Witowska, professora assistente de Psicologia na Universidade Maria Grzegorzewska (Polônia), e Vanda Černohorská, pesquisadora de pós-doutorado na Academia Tcheca de Ciências, constataram que os entrevistados buscavam preencher os tempos vazios com afazeres. E isso compromete nossa saúde mental. 

Não à toa os casos de Transtornos de Ansiedade dispararam no período até anterior à pandemia de covid-19. Parece que o silêncio e o ócio são ‘ensurdecedores’ para nós. O primeiro passo para tentar não ser refém desse comportamento é aceitar que não se pode dar conta de tudo. Não sucumbir à pressão social de ser produtiva a todo o momento. 

Na vida pessoal, evitar pegar o celular o tempo inteiro, principalmente na interação com o outro. No trabalho, e aí precisamos de uma maior conscientização das empresas, é não aceitar ser solicitada após o expediente ou em período de descanso, como férias, e, ao longo da jornada, realizar pausas para que a mente possa relaxar apenas não pensando em nada. Talvez, com reflexão, autoconhecimento e sabedoria, finalmente a gente consiga fazer da tecnologia nossa aliada e não vilã.

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