Alerta à saúde pública: o perigo dos cigarros eletrônicos
A proibição dos cigarros eletrônicos no Brasil é uma medida crucial para a proteção da saúde pública, como afirma o Dr. Paulo Cesar Rodrigues Pinto Correa, coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). No entanto, há o PL 5008/2023, da Senadora Soraya Thronicke (PODEMOS/MS), que visa regulamentar esses dispositivos, o que ignora os graves riscos que eles representam.
De acordo com o médico, existe uma enorme pressão no Congresso Nacional para a produção, importação, exportação, comercialização, controle, fiscalização e propaganda dos cigarros eletrônicos, por parte das indústrias que produzem esses produtos. “É importante que nós estejamos vigilantes, mobilizados e cobrando dos senadores que não aprovem esse projeto, porque é extremamente lesivo para a saúde dos brasileiros. A proporção de jovens fumantes no Brasil é dez vezes menor que os fumantes do que nos Estados Unidos, onde o produto é comercializado”, defende o especialista.
Perigos ocultos por trás da fumaça
Os cigarros eletrônicos não são uma alternativa segura ao tabaco tradicional. Eles liberam uma série de substâncias tóxicas, como benzeno e formaldeído, além de metais pesados, como níquel, cromo, latão, e alumínio. Estes aumentam o risco de doenças cardiovasculares, câncer e outros problemas de saúde.
“Os cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil porque são produtos extremamente tóxicos e apresentam uma massa enorme de partículas ultrafinas, que causam risco cardiovascular”, comenta Correa.
Impacto devastador na juventude
O médico Paulo Correa aponta que a atratividade dos cigarros eletrônicos, com seus aromas e sabores diversos, é especialmente preocupante. Por isso, a indústria do tabaco explora a vulnerabilidade dos jovens, perpetuando a dependência à nicotina e abrindo caminho para o tabagismo tradicional.
“Esses produtos triplicam ou quadruplicam a iniciação no cigarro tradicional. Portanto, aumentam a dependência e o mercado global de nicotina. O fedor do cigarro tradicional não atraía mais os jovens. Então, com aromas e sabores diferentes, temos visto muitos jovens se tornando dependentes”, detalha.
Efeitos a curto e a médio prazo
Os danos à saúde causados pelos cigarros eletrônicos não se limitam ao futuro. A inalação de metais como níquel e alumínio pode levar a problemas respiratórios graves, hiperatividade em jovens e, até mesmo, Alzheimer em idosos. “A gente já tem estudos relacionados ao câncer, em ratos, como adenocarcinoma de pulmão e câncer de bexiga. O risco de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é três vezes e meia maior quando se associa o uso dos cigarros eletrônicos com os convencionais”, conta.
A longo prazo, o aumento da mortalidade cardiovascular em jovens e o risco de câncer são evidências alarmantes. Além disso, “causam duas vezes mais disfunção erétil do que cigarros convencionais”, explica o Correa.
Regulamentação ou proibição?
De acordo com o especialista, a única regulamentação possível para os cigarros eletrônicos é a proibição total.
“A redução de danos é uma ilusão. A ocorrência de derrame em fumantes de cigarros eletrônicos acontece onze anos antes – aos 48 anos – do que nos fumantes tradicionais – aos 59 anos. Não há redução de danos, há redução de algumas substâncias, mas outras são exacerbadas e existem outras que não estão no cigarro tradicional”, detalha o pneumologista.
“Os efeitos a médio prazo podem ser vistos em países que tiveram uma politica liberal com cigarros eletrônicos, como a Inglaterra, onde se observa um aumento da mortalidade cardiovascular na população jovem”, comenta. Esses dispositivos não apenas triplicam o risco de iniciação ao tabagismo tradicional, mas também aumentam a dependência à nicotina e somam os riscos à saúde de ambos os tipos de cigarro, chamado de “risco dual”. “Usualmente, esses fumantes utilizam o cigarro eletrônico e o tradicional associados”, afirma Correa.
O Brasil precisa se manter vigilante
A pressão da indústria do tabaco para a aprovação do PL 5008/2023 é imensa. É fundamental que a sociedade se mobilize e cobre dos senadores a rejeição desse projeto. A saúde dos brasileiros, especialmente dos jovens, está em jogo.